COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Décio Nunes foi condenado a 12 anos de prisão e vai recorrer da sentença. Réu foi considerado mandante da morte do sindicalista Dezinho, em 2000.

 

(Portal G1 Pará)

 

O fazendeiro Décio José Barroso Nunes foi condenado a 12 anos de prisão, acusado de ser o mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa em 2000, o Dezinho. O juiz Raimundo Flexa anunciou na noite desta terça-feira, 29 de abril, a decisão do júri, que considerou o fazendeiro culpado. A defesa de Décio decidiu recorrer da sentença, e o réu aguarda em liberdade até o julgamento de todas as instâncias.

 

Dezinho era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, e lutava pela desapropriação de terras para a reforma agrária na região. Segundo entidades ligadas aos direitos humanos, ele foi morto no dia 21 de novembro de 2000, em Rondon do Pará, sudeste do Estado, por denunciar práticas de trabalho escravo e apoiar famílias de sem terras.

 

O julgamento foi iniciado na manhã desta terça em Belém, e foram ouvidas três testemunhas de defesa e outras três de acusação, entre elas um homem que depôs encapuzado e afirma ser irmão de Pedro, o pistoleiro que prestaria serviços para Delsão. Ele faz parte do programa de proteção à testemunha, do Governo Federal.

 

Décio chegou a afirmar, durante depoimento nesta tarde, que não conhecia o sindicalista assassinado. "Nunca tive contato com ele e não tenho absolutamente nenhum envolvimento neste crime", pontuou, e completou: "O Wellington de Jesus [condenado por ter matado a vítima] eu conheci na televisão, porque acompanhei parte do julgamento".

 

O réu, conhecido como Delsão, afirma que nunca teve suas terras invadidas e negou conhecer diversas pessoas que constam nos autos do processo como participantes do crime, inclusive Domício, conhecido como Raul, teria providenciado a arma usada no crime.

 

Décio Nunes confirmou que conhecia Pedro, um pistoleiro que, segundo a Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), fazia serviços para o réu. "Ele prestou serviço para mim, umas quatro ou cinco vezes, serviço de cobrança". Sobre as acusações de que na sua fazenda havia um lago com jacarés, onde os corpos dos trabalhadores mortos eram jogados, o fazendeiro também nega. "Isso é um tremendo absurdo, foram e viraram minha fazenda debaixo pra cima, inclusive para verificar a acusação de que lá tinha um cemitério clandestino também, e nunca acharam nada".

 

Na acusação atuou o promotor de justiça Fraklin Lobato Prado, que teve como assistentes os advogados José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra, Ana Claudia Lins e Marco Apolo, da Sociedade de Defesa de Direitos Humanos, e Fernando Prioste, da organização Terra de Direitos. 

 

Entenda o caso
Este é o terceiro julgamento do caso Dezinho. Wellington de Jesus da Silva, que foi preso logo após o crime, foi condenado a 27 anos em regime fechado em 2006. Segundo a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, o réu teve progressão de regime em 2007, fugiu após receber saída temporária de natal e está foragido.

 

Em outubro de 2013, Domínio de Souza Neto e Lourival de Souza Costa foram julgados e absolvidos pelo mesmo crime. Todos os julgamentos do caso foram realizados em Belém. Décio Nunes, apontado como mandante do crime, teve o processo desmembrado, e por isso está sendo julgado apenas em 2014.

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