COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Por Comunicação CPT Nacional

Em meio ao contexto internacional de ataques israelenses na disputa pela hegemonia dos territórios palestinos, a Assembleia Legislativa de Rondônia concedeu nesta segunda-feira, 16, o título de cidadão honorário rondoniense justamente ao maior agente causador e mantenedor do conflito, o primeiro-ministro de Israel.

Dentre os argumentos do deputado estadual que apresentou a proposta, está incluído que Benjamin Netanyahu promoveu “relevantes serviços prestados ao Brasil, que se estendem ao Estado”. É importante destacar que já são milhares de mortes nos territórios palestino e israelense, no conflito mais sangrento desde a fundação do Estado de Israel.

Diante disto, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Rondônia, junto a diversas outras organizações de trabalhadoras e trabalhadores rurais, povos e comunidades tradicionais e diversos segmentos sociais, elaboraram uma nota pública contra a ação de representantes do povo além das competências, que ignoram as diversas pautas do campo e políticas públicas voltadas a minimizar a violência e os conflitos agrários.

Confira a nota completa.

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NOTA PÚBLICA
HOMENAGEM RIDICULARIZA RONDÔNIA E ESTIMULA A CRUELDADE CONTRA AS MINORIAS

É patético o decreto da Presidência da Assembleia Legislativa (ALE RO) que colocou em ridículo o nome de Rondônia, ao homenagear o principal responsável pelas mortes na Palestina e em Israel. De extralimitação de suas competências a criação de um grupo parlamentar pró-israelita, imiscuindo-se na política exterior do Brasil, de competência federal. Ignorando as diversas pautas existentes em Rondônia, como as diversas mortes no campo vinculadas aos conflitos agrários, em que Rondônia ocupou em 2022 o Estado na Amazônia com maior número de assassinatos no campo, segundo o relatório da Comissão Pastoral da Terra.

Quais “serviços relevantes" para Rondônia têm realizado aqui o extremista de direita que está à frente de Israel, a não ser dar um exemplo de invasão dos territórios imemoriais do povo palestino e o genocídio do seu povo?

Reduziu os poderes do Supremo Tribunal de Justiça, para zombar da própria Constituição e Democracia. As custas da militarização de seu próprio país, provocou insistentemente um ataque, para depois poder retaliar, aniquilando sem piedade qualquer vestígio de paz e de justiça. Acabando com os últimos sobreviventes da Palestina, um povo condenado ao exílio, como os próprios judeus em um passado não tão distante.

Estas são as virtudes homenageadas pela maioria dos deputados estaduais de nosso Estado de Rondônia?

Cruel e desumana, pois a mesma atitude vem aqui acompanhada também por uma política de genocídio e extermínio, de impunidade intencional da violência que no campo já se cobrou os últimos dez anos mais de noventa mortes, cinco delas neste mesmo ano de 2023.

Intimidações e ameaças armadas contra aqueles que em nosso Estado se atrevem a demandar por demarcação das Terras Indígenas, dos ancestrais territórios quilombolas, com a grilagem e o roubo das terras públicas, a destruição das Reservas Extrativistas e a expulsão dos povos tradicionais.

Negação da Reforma Agrária, às terras da agricultura familiar favorecendo o latifúndio improdutivo.

Promoção da derrubada da floresta, contribuindo com índice de desmatamento e do fogo nos últimos remanescentes das florestas, a destruição dos rios e das águas pelo garimpo sem controle.

Ausência de reforma urbana que coloca milhares de pessoas nas ruas da capital Porto Velho e na insegurança jurídica do direito humano à moradia por todo o estado.

Ignora os Direitos da Natureza, a Constituição Brasileira, a Democracia e os Direitos Humanos, assim como dos Povos Originários.

Nega a justiça na distribuição da terra e dos seus bens, criada por Deus para todas, todos e todes visando uma sociedade igualitária.

Se algo deve ser dito por essa casa de leis que seja em nome da Paz e dos inocentes desta guerra. Repudiamos quaisquer atos que venham a enaltecer a perseguição e extermínio de um povo!

A estes inocentes, vítimas de uma guerra maldita balizada pelo capital, manifestamos nossa SOLIDARIEDADE. Que a Paz seja estabelecida e que o Amor e a Justiça prevaleçam!

Porto Velho-RO, 17 de outubro de 2023.

 

Subscrevem essa Nota Pública:

  • Comissão Pastoral da Terra Regional Rondônia/CPT-RO
  • Rede Popular de Direitos Humanos de Rondônia /REPODH-RO
  • Coletivo Popular Direito à Cidade/CPDC-RO
  • Comunidade Cidadã Livre/COMCIL
  • Levante Popular da Juventude
  • Movimento Nacional de Luta por Moradia Regional Rondônia/MNLM-RO
  • Movimento Bem Viver
  • Central dos Movimentos Populares/CMP-RO
  • Associação Filhas do Boto Nunca Mais
  • Instituto Madeira Vivo/IMV-RO
  • Coletivo Indígena Mura de Porto Velho/COINMU
  • Comitê de Defesa da Vida Amazônica na Bacia do Rio Madeira/COMVIDA
  • Federação de Cultos a Umbanda e Ameríndios do Estado de Rondônia/FECUARON-RO
  • Ouvidoria Geral Externa da Defensoria Pública do Estado de Rondônia
  • Movimentos dos(as) Atingidos(as) por Barragens/MAB-RO
  • Coletivo LGBTQIAPN+
  • Coletivo Somar
  • Movimento de Mulheres Camponesas de Rondônia/MMC-RO
  • União da Juventude Comunista de Rondônia/UJC-RO
  • Federação dos Cultos Afros Religiosos, Umbanda e Ameríndios de Rondônia/FECAUBER-RO
  • Movimento dos(as) Pequenos(as) Agricultores(as) de Rondônia/MPA-RO
  • Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Sem Terra/MST-RO
  • Instituto Padre Ezequiel Ramin/IPER-RO
  • Rede Terra Sem Males
  • Associação Brasileira de Psicologia Social/ABRAPSO-RO
  • Instituto Território e Justiça/INTERJUS-RO
  • Cáritas Arquidiocesana de Porto Velho
  • Fórum Popular de Mulheres de Porto Velho/FPM
  • Levante Feminista de Rondônia
  • Grupo de Pesquisa em Cartografia e Educação Geográfica da Universidade Federal de Rondônia/GEGEO/UNIR/RO
  • Conselho Estadual de Direitos Humanos/CONSEDH-RO
  • Associação dos Docentes da Universidade de Rondônia/ADUNIR/UNIR-RO
  • Central Única dos(as) Trabalhadores(as)/CUT-RO
  • Central dos(as) Trabalhadores(as) do Brasil/CTB-RO

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