COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Famílias camponesas ligadas à Liga dos Camponeses Pobres (LCP) ocuparam uma área da fazenda Santa Carmem, na região de Nova Mutum, distrito de Porto Velho, Rondônia, em janeiro de 2021, e construíram o Acampamento Ademar Ferreira, nome dado em homenagem a um dos dois camponeses mortos em Nova Mamoré, em 2018. A localidade é vizinha às áreas Tiago dos Santos e Dois Amigos. Em agosto, um massacre vitimou 3 camponeses do Acampamento.

(Foto: LCP)

Em 13 de julho último, de acordo com relatos apresentados pela Liga dos Camponeses Pobres, a Força Nacional, a PM de Rondônia e pistoleiros teriam fustigado as famílias do acampamento Ademar Ferreira. Os acampados haviam colocado barreiras nas estradas para impedir a chegada de três viaturas da Força Nacional, uma da PM e outras três de pistoleiros, que, ao avistarem os camponeses que os estavam filmando, efetuaram ao menos quinze disparos contra eles, utilizando armamento pesado, como rifles, fuzis e escopetas.

A ação policial da Força Nacional foi realizada com o apoio do governo Bolsonaro, que vinham condenando reiteradamente a atuação de organizações camponesas em Rondônia na luta pela terra. A LCP apontou, ainda, a ação conjunta das forças policiais com grupos paramilitares, que se apresentam como empresas de segurança privada.

No dia 5 de agosto, mais uma vez, as forças policiais federais e estaduais, em conjunto com pistoleiros, atacaram os camponeses do Acampamento Ademar Ferreira. Segundo relato da LCP, os policiais filmaram com drones, incendiaram barracos e fizeram sobrevoos de helicóptero na região.

No dia 13 de agosto, segundo informações, ao menos três camponeses foram assassinados pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da PM de Rondônia e pela Força de Segurança Nacional. Amarildo Aparecido Rodrigues, 49 anos, Amaral José Stoco Rodrigues, 17 anos e filho de Amarildo, e Kevin Fernando Holanda de Souza, 21 anos. Kevin foi assassinado enquanto tentava fugir de seus algozes que o perseguiam e atiravam do helicóptero. Os projéteis de fuzil disparados por policiais atravessaram o corpo e a moto do camponês. Deixou a esposa grávida. Amarildo era casado e, além de pai de Amaral, era pai de uma criança pequena. Amaral, de 17 anos, estava concluindo o ensino médio, além de trabalhar na roça.

Há ainda relatos de 5 pessoas desaparecidas, que se esconderam na mata para não serem alvejadas, e não se sabe se estão vivas. Uma das pessoas que fugiu teve uma forte reação alérgica à picada de formigas que a atacaram, quando se embrenhou na mata para fugir dos disparos. Cinco camponeses foram presos nessa ação. Os policiais ainda destruíram a cozinha comunitária do acampamento, inclusive os alimentos, e vários dos pertences pessoais dos camponeses.

Segundo denúncia da LCP, os corpos foram retirados sem que houvesse perícia no local do crime. O secretário de Segurança Pública do estado, José Cysneiros Pachá, afirmou inicialmente que houve confronto, o que foi negado pela Liga. Depois, afirmou que as forças policiais estavam cumprindo um mandado de reintegração de posse, informação que segundo a LCP não se sustenta pois não há nenhum mandado expedido.

Veja também:  Três camponeses são mortos em ação policial, em Rondônia

 

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