COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Na fazenda Castanhal Ubá, sudeste paraense, sete posseiros – dentre eles, uma adolescente de 13 anos grávida – foram mortos por um grupo de pistoleiros chefiados por Edmundo do Virgulino, Miguel Marabá e Sebastião Pereira Dias (conhecido como Sebastião da Teresona), este último acusado por aproximadamente 50 assassinatos de aluguel. Os posseiros mortos foram José Gonçalves de Souza, João Evangelista Vilarins, Francisco Pereira Alves, Luis Carlos Pereira Souza, Januário Ferreira Lima e Francisca de Souza. Uma semana depois, o mesmo grupo de pistoleiros promoveu mais um massacre contra posseiros na mesma região. No ano de 1991, os pistoleiros foram julgados e condenados por outros assassinatos não vinculados a conflitos por terra. Em 1995, morreu na cadeia, em meio a uma rebelião, o pistoleiro Sebastião da Teresona, sem nunca ter sido levado a júri pelos crimes contra trabalhadores rurais.

(Foto: CEDOC Dom Tomás Balduino)

 

ATUALIZAÇÃO 30/01/2019

Mandante de chacina de 1985 no Pará é preso durante manifestação de fazendeiros contra a prisão dos chefes da maior da milícia armada no campo paraense

 O governador Helder Barbalho mandou um avião para Marabá (PA), no dia 24 de janeiro, para prender o fazendeiro condenado pela chacina da Fazenda Ubá, de 1985. José Edmundo Ortiz Vergolino tem 82 anos de idade e foi condenado a 152 anos de reclusão, em 2017, pelo assassinato de sete trabalhadores rurais ocupantes da Fazenda Ubá, em São João do Araguaia. 

(Com informações do site Zedudu e da equipe da CPT de Marabá)

No dia em que dezenas de pecuaristas da região fizeram manifestação em Marabá cobrando do estado mais rigor contra as ocupações de propriedades rurais, na ocasião da prisão de José Iran dos Santos Lucena, seu filho Matheus da Silva Lucena e de Hamilton Silva Ribeiro, por integrarem a maior milícia armada com atuação no campo na região sudeste do Pará, o fazendeiro José Edmundo Ortiz Vergolino, condenado a mais de 152 anos de prisão pelo massacre da Fazenda Ubá, foi preso em sua residência. O crime pelo qual foi condenado ocorreu em 1985.

A prisão de José Vergolino ocorreu por volta das 9 horas da manhã do dia 24 de janeiro, em sua residência, na Marabá Pioneira. O delegado Marcelo Delgado, que chegou ao local por volta das 6 horas da manhã, foi atendido pelo próprio pecuarista e deu voz de prisão ao idoso, que não esboçou nenhum tipo de reação. Ele foi levado para a Superintendência de Polícia Civil, na Folha 30, Nova Marabá, onde prestou depoimento. Por volta das 17 horas ele foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito. Em seguida, já a noite, foi levado para o Aeroporto de Marabá, onde um avião do Grupamento Aéreo de Segurança Pública o aguardava, com policiais que fizeram sua escolta até Belém.  

Na ocasião, o advogado do fazendeiro, Gilberson dos Santos Santis, informou que ingressaria ainda nesta sexta-feira, 25, com um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado pedindo a prisão domiciliar ou hospitalar, devido a problemas de saúde: retenção urinária, osteoporose e pressão alta, por exemplo. Segundo o advogado, o mandado de prisão contra seu cliente havia sido expedido em 2017, mas ele não tinha conhecimento e só agora foi cumprido. 

Entenda o caso

José Vergolino, filho de José Mendonça Vergolino, prefeito de Marabá na década de 1960, é acusado de ser mandante da execução, de acordo com os dados do Centro de Documentação da CPT, de sete trabalhadores rurais - sendo uma das vítimas uma adolescente grávida - ocupantes da Fazenda Ubá, em 1985, em São João do Araguaia. Ele chegou a ser julgado e condenado pelo Tribunal de Justiça do Pará e pela Corte Internacional de Direitos Humanos (CIDH), que também condenou o Brasil e o Pará pelo episódio. O pecuarista chegou a cumprir pena em 2006, no Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama), em Marabá, mas teve concedida a prisão domiciliar. Em 2007, as Câmaras Criminais Reunidas lhe concederam alvará de liberdade provisória. Em 2010, foi firmado um acordo entre os familiares das vítimas, o Estado Brasileiro e o Pará sobre o caso na CIDH. Mas somente em 2017 foi expedido um novo mandado de prisão preventiva, pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.

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