COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A madrugada de quinta-feira, 2 de abril, foi tensa na comunidade quilombola Rio dos Macacos, em Simões Filho (BA). Os moradores afirmam ter visto homens encapuzados e vestidos com roupas pretas no local, rondando as casas.

 

 

(CPT Bahia e Jornal A Tarde)

Principal liderança da comunidade, a quilombola Rosemeire Messias dos Santos atribui a oficiais da Marinha o ato de intimidação.

Isso porque na tarde do último dia 1º, membros da força naval prestaram depoimento no Ministério Público Federal na Bahia (MPF-BA) sobre as agressões cometidas por oficiais contra Rosemeire e o irmão, Edinei Messias dos Santos, em janeiro de 2014.

Procurada, a assessoria de comunicação do 2º Distrito Naval da Marinha nega que militares tenham estado na comunidade na noite do dia 1º. Por telefone, o comandante Flávio Almeida afirmou que as bases do órgão “não detectaram nenhuma anormalidade” nesse dia.

Ronda da PM

Por conta do ocorrido, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi-BA) acionou, ainda na madrugada de ontem, a Casa Militar, que enviou uma viatura ao local.

De acordo com uma nota que foi emitida pela Sepromi, “rondas foram feitas durante a noite para garantir a ordem pública em Rio dos Macacos”.

Conforme o órgão, “não houve registro de agressões ou ruídos que indiquem disparos de arma de fogo ou quaisquer anormalidades no período noturno”.

No entanto, a líder quilombola Rosemeire Messias afirma que a viatura da PM enviada sequer entrou na comunidade. Ela não soube informar, porém, se houve impedimento da Marinha para que a polícia patrulhasse no quilombo.

A assessoria da Sepromi informou que não tem conhecimento de qualquer impedimento da Marinha à entrada da PM em Rio dos Macacos. Segundo a secretaria, a polícia informou que rondas foram realizadas.

Acesso alternativo

Atualmente, moradores e visitantes de Rio dos Macacos precisam passar pela guarita da Vila Naval para acessar a comunidade.

Uma entrada alternativa ao quilombo foi prometida pelo Ministério da Defesa, em agosto do ano passado, mas até ontem as obras não haviam começado.

A equipe de reportagem do jornal A Tarde contatou a assessoria do órgão federal para apurar qual a previsão do início da construção, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Rosemeire Messias cobra dos governos federal e estadual a proteção às famílias que permanecem em Rio dos Macacos. Ela teme que a comunidade sofra retaliações por fazer denúncias contra a Marinha.

“Queremos uma reunião com o ministro da Defesa, que agora é o Jaques Wagner, e com o governador Rui Costa, para que garantam nossa segurança”, pediu ela. “Até agora, eles (os governos) só vieram à comunidade para mentir, prometer estrada, segurança, e não cumprir”.

Além disso, a comunidade Rio dos Macacos pede a revisão, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da delimitação de terra publicada pelo órgão. Eles reivindicam 301 hectares de terras quilombolas, em vez dos 104 reconhecidos pelo instituto.

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