COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A manhã gelada do último domingo, 13 de setembro, não foi empecilho para que aproximadamente 10 mil romeiros se reunissem em Timbó Grande (SC) para fazer memória da guerra que matou milhares de caboclos, destruiu lares, terras e roubou a esperança dos que lá viviam, e hoje, 100 anos depois, ainda sofrem as consequências.

 

(Jornal Informe e Periodista Digital / fotos: Douglas Mansur)

 

Romeiros e romeiras caminharam juntos, partilharam fé, sonhos e alimentos, acreditando num mundo de justiça e igualdade, fazendo memória de seus antepassados, que na terra de Timbó Grande derramaram seu sangue para fazer germinar a certeza desse outro mundo possível.

O bispo da Diocese de Caçador, Dom Frei Severino Clasen, durante a Romaria, destacou que "é preciso dedicação nas pastorais, movimentos eclesiais e sociais; e também, olhar juntos, com fé e esperança, para o povo que sofre, construindo assim um mundo melhor e mais justo.".

Dom João Salm, presidente do Regional Sul 4 da CNBB e Bispo da Diocese de Tubarão, salientou que este "é um momento em que tomamos consciência de uma verdade histórica, pois as lutas fazem parte da história da humanidade; lutas por oportunidades, por aquilo que não concordamos e que não está de acordo com o evangelho. É uma forma de proclamar em voz alta que não nos conformamos com aquilo que não nos dignifica".

A Romaria do Centenário do Contestado foi um momento de reflexão sobre as dores e sofrimentos vivenciados pelos caboclos, contando com a presença de diversas pessoas dos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, entre outras regiões do Brasil. Foram realizadas, também, celebrações, apresentações, bênçãos, partilhas, finalizando com a Santa Missa, dentro da mística do Contestado.

 

As celebrações utilizaram todos os elementos presentes na vida do beato João Maria, e teve um momento marcante em que um machado foi trazido para derrubar uma grande árvore carregada de frutos, fazendo menção aos tantos e tantas que tombaram um século atrás na construção da ferrovia.

Participaram da Romaria representantes das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), 70 dioceses dos quatro estados acima mencionados, comunidades da cidade de Fraiburgo (SC), que também pertence à diocese de Caçador, para refletir sobre a realidade da guerra do Contestado e questões urbanas, tema central do próximo Interclesial, que será realizado em janeiro de 2018, em Londrina, Paraná.

Jelson Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, destacou durante sua fala na Romaria a necessidade de cuidar da vida, reencantar-se, para avaliar as diversas formas de viver. Em uma sociedade em que cada vez mais está em jogo o conflito entre desenvolvimento e preservação, a Guerra do Contestado nos leva a descobrir a necessidade de preservar a identidade, uma urgência em uma sociedade em que o modelo de produção mudou , deixando de atender as necessidades básicas humanas e passando a criar cada vez mais necessidades, o que nos conduz a um progresso e consumo desenfreados, em que comprar se tornou uma terapia. 

O ser humano vai se tornando cada vez mais medíocre, parando de pensar na comunidade, e completando seus sentidos com o “ter”, colocando a posse de coisas acima de sentimentos.

Em consonância com essas ideias, foi destacada a figura do Papa Francisco como um incentivador na construção de uma realidade diferente, foi lembrada ainda a importância das palavras de seu discurso para os movimentos populares na Bolívia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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