COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

No dia 8 de agosto completará um ano da morte do bispo Pedro Casaldáliga. Na mesma data, há exatos 50 anos, Pedro aceitava sua nomeação como bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Em 23 de outubro, será celebrado os 50 anos de ordenação episcopal de Pedro. No contexto destas celebrações, para resguardar a memória da trajetória desta Igreja que tanto impactou a igreja e a sociedade brasileira, será lançado o livro “VENTOS DE PROFECIA NA AMAZÔNIA: Os 50 anos da Prelazia de São Félix do Araguaia”. A venda da publicação será iniciada nas próximas semanas.

(foto: Arquivo Prelazia São Félix do Araguaia)

O livro resgata a presença da Igreja na região, desde os primeiros contatos com os indígenas que lá viviam, passando pela criação e instalação da Prelazia, chegando aos dias atuais.

A figura proeminente desta história é a do missionário claretiano Pedro Casladáliga. Ele, com outros companheiros, assumiu o desafio de colocar as bases de uma nova Igreja no sertão do nordeste mato-grossense. O novo bispo e sua equipe, em radical fidelidade ao Evangelho de Jesus e guiados pelas decisões do Concílio Vaticano II e da Assembleia dos bispos latino-americanos, ocorrida em Medellin, Colômbia, colocaram-se abertamente ao lado dos pequenos e pobres que eram espoliados dos seus direitos: os indígenas, os posseiros e os trabalhadores braçais, os peões, submetidos a condições degradantes análogas ao trabalho escravo.

A dura e cruel realidade da região onde esta Igreja se estabelecia, foi retratada na Carta Pastoral que o novo bispo lançou no dia de sua ordenação episcopal: UMA IGREJA DA AMAZÔNIA EM CONFLITO COM O LATIFÚNDIO E A MARGINALIZAÇÃO SOCIAL.

A tomada de posição ao lado dos mais frágeis acarretou a Pedro e à equipe pastoral ameaças, ataques, prisões e tortura. Os donos das grandes fazendas e os agentes da ditadura que os protegiam e incentivavam, não admitiam uma igreja que não estivesse a seu lado. E os ataques também aconteceram no âmbito da própria Igreja, que não concordava com esta linha pastoral e por isso a acusavam de comunista.

Tudo isto é resgatado neste livro, que ainda traz um capítulo de como o próprio Vaticano se incomodava com esta Igreja e como quis enquadrar o bispo.

O livro narra também como era a organização interna da Igreja, em que bispo, padres, religiosas e leigos tinham voz e voto. Todas as decisões eram tomadas em conjunto e o bispo as assumia numa postura democrática. Em entrevista, depois da Páscoa de Pedro, o bispo de Juína, Dom Neri Tondello, disse que: “Pedro inaugurou no Araguaia há 50 anos um modelo de Igreja sinodal, que foi proposto no Sínodo da Amazônia realizado em 2019”.

O foco desta Igreja era a construção do Reino de Deus e, por isto, as ações no âmbito da educação, da saúde, da organização popular, da cultura eram consideradas ações pastorais.

O processo de sucessão de Pedro também é registrado e dom Leonardo Steiner, que o sucedeu, Dom Eugênio Rixen e Dom Adriano Ciocca Vasino, o bispo atual, eles mesmos contam sua atuação na Prelazia até o presente.

Ao final, como anexo, é reproduzida a Carta Pastoral Uma Igreja da Amazônia em Conflito com o Latifúndio e a Marginalização Social para que a conheçam os que dela somente tiveram notícia.

A publicação

Várias editoras foram procuradas, mas por causa da pandemia todo o seu cronograma de trabalho foi atrasado. Nenhuma tinha a possibilidade de disponibilizar o livro para as datas significativas que serão celebradas. Por isso decidiu-se apelar para outras alternativas, e a Editora da PUC Goiás aceitou fazer a publicação, mas as despesas de produção e expedição do livro serão do autor. Diante disto, optou-se pela venda antecipada, que será iniciada nas próximas semanas.

O Autor

O autor desta obra é Antônio Canuto, que chegou a São Félix às vésperas do dia em que Pedro aceitou a nomeação de bispo e com ele colaborou na busca e organização dos documentos que compõe a segunda parte de sua Carta Pastoral. Acabou atuando na Prelazia por 26 anos, quando assumiu função na Secretaria Nacional da CPT em Goiânia (GO).

No Posfácio, o historiador Sérgio Coutinho dele diz:

No final de tudo, penso que Canuto se parece mesmo, com este livro, com o nosso primeiro “historiador cristão”: São Lucas. Pois após acurada investigação de tudo desde o princípio, também a ele pareceu conveniente escrever de modo ordenado, às ilustres e aos ilustres “amigas e amigos de Deus” que estão na Amazônia, para que pudessem verificar a solidez dos ensinamentos que receberam do profeta Dom Pedro Casaldáliga e dos(as) muitos(as) “confessores da fé” (mártires) na região.

 

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