COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Na próxima terça-feira, dia 24, será lançado, durante o Seminário Educação 2019 (Semiedu), no Centro Cultural da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT),  em Cuiabá, no Mato Grosso, o livro “Resistência e Luta Conquistam Território no Araguaia Mato-grossense”, escrito por Antônio Canuto.

Fonte: Assessoria de Comunicação da CPT 

Arte: Welligton Douglas - CPT-MT

O autor da publicação chegou ao Araguaia em 1971, como padre, incorporado à equipe pastoral da Prelazia de São Félix do Araguaia, coordenada por dom Pedro Casaldáliga. Eram tempos duros e severos da repressão por parte da ditadura militar. Logo em 1972, Canuto substituiu o padre Francisco Jentel, em Santa Terezinha, procurado, processado e condenado por crime contra Segurança Nacional e, por fim, expulso do Brasil, acusado de ser o responsável  pela reação dos posseiros diante da violência da grande empresa Codeara, do grupo BCN – Banco de Crédito Nacional.

Entre 19 e 22 de junho de 1975, em Goiânia (GO), oficialmente convocado pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz, realizou-se o Encontro de Bispos e Prelados da Amazônia, do qual participaram 67 pessoas, de 27 dioceses e prelazias. Canuto, juntamente com figuras como Pedro Casaldáliga e dom Tomás Balduino, ajudou a fundar a Comissão de Terras naquele momento, que mais tarde se transformaria em Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O que ele registrou neste livro não é fruto só de pesquisas – foram muitas –, mas, sobretudo, é um relato de quem viveu durante 26 anos na região. Durante 13 anos em Santa Terezinha, e depois em outras cidades. Canuto acompanhou também colonos que chegavam de longe, trazidos pelas colonizadoras.

Conheceu de perto como os grandes empreendimentos chegaram à região com o discurso de “desenvolver” a Amazônia. Na realidade, porém, o que buscavam eram os recursos abundantes que o governo lhes oferecia.  Com imensas áreas sob seu domínio, inclusive núcleos urbanos, e com muito dinheiro, usaram de todos os artifícios imagináveis para expulsar as poucas famílias de posseiros existentes e invadir Terras Indígenas.

Depois desses grandes empreendimentos causarem sofrimentos, sem contar os que ali  já viviam de explorar, em regime análogo ao de trabalho escravo, os trabalhadores que vinham de outros estados para a formação de suas fazendas, ao secar a fonte dos incentivos fiscais, um a um foi abandonando a cena. Não se tem registro de nenhum que tenha permanecido.

Antônio Canuto conheceu, sobretudo, a Resistência e a Luta de indígenas e posseiros que, com garra e determinação, lutaram para defender seus direitos e afirmar sua cidadania. “Por mais de doze anos, a partir de 1991,  em todas as edições do Jornal Alvorada, da Prelazia de São Félix do Araguaia, foi publicada uma seção intitulada ‘Retalhos de Nossa História’. Nesta seção eram publicadas matérias garimpadas, nos espaços mais diversos, que tinham a ver com a história da região, sem a preocupação de se ater a critérios de ordem cronológica ou de concatenação de fatos. Era uma riqueza sem par de informações. Valia a pena publicá-las num livro. Mas para isso  era preciso organizar e ordenar o que estava escrito para que o povo da região e, sobretudo, as escolas tivessem um material que informava adequadamente todo o processo de formação e ocupação do território”, contextualiza o membro da CPT.

Para Canuto, em termos de abrangência das histórias, “o que está reunido neste livro cobre todo o território que o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] denominou de Microrregião Norte Araguaia, na Mesorregião Nordeste do Mato Grosso. Mas vai além, pois inclui também a Ilha do Bananal, no Tocantins, e o município de Querência, da microrregião Canarana. A inclusão dessas duas novas áreas se deu porque elas fazem parte do território de atuação da Prelazia de São Félix do Araguaia, pois a Prelazia acompanhou, passo a passo, o que foi acontecendo e formou um arquivo riquíssimo onde se encontram documentos que permitem recompor a história da região. De certa forma, a história  da região e da Prelazia se fundem”, afirma ele.

Antônio Canuto durante o terceiro Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Montes Claros, Minas Gerais. Crédito: João Zinclar

Pode-se dizer, com segurança, de acordo com Antônio Canuto, que a ocupação deste território foi um processo de Resistência e Luta de indígenas, posseiros e posseiras, pequenos agricultores e agricultoras para defender e conquistar os territórios que ocupavam diante de uma invasão galopante do grande capital, incentivado pelo governo federal através da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e de outros programas governamentais.

Goiás

Em 1997, Canuto se mudou para Goiânia (GO) para contribuir com a Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra. Atuou como coordenador nacional, secretário da Coordenação Nacional e, no que sempre gostou de fazer, Comunicação.

Em 2018, Canuto traduziu, do francês para o português, o livro “Parteiras de um Povo – 65 anos de presença das Irmãzinhas de Jesus junto ao povo Apyãwa-Tapirapé” sobre a vida e profetismo de Genoveva Helena, Odila de Jesus e suas irmãs de fraternidade. A história foi contada, originalmente, por Eliane Remy, prima de Genoveva. À tradução foram acrescentados  poemas de Pedro Casaldáliga, e depoimentos de muitos que conheceram de perto a irmãzinha ou com ela conviveram.

SERVIÇO:

Lançamento do livro “Resistência e Luta Conquistam Território no Araguaia Mato-grossense”, por Antônio Canuto

Dia 24 de setembro, terça-feira, às 18 horas, no Centro Cultural da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT),  em Cuiabá (MT)

A entrada é gratuita 

Em breve a publicação estará disponível para venda na Lojinha Virtual da CPT

Mais informações: Secretaria Nacional da CPT (62) 4008-6400 / 6412

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