COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

 

Um dos líderes sindicais mais combativos no sudeste do Pará foi assassinado na porta de sua casa, em 2000

Rogério de Oliveira Dias, um dos envolvidos no assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, vai a julgamento pelo Tribunal do Júri no próximo dia 13 em Belém, Pará. A acusação é de que Rogério e seu primo, Igoismar Mariano, foram intermediários do crime. O assassino do sindicalista foi o pistoleiro  Welington de Jesus, irmão de Rogério. O crime aconteceu no dia 21 de novembro de 2000, na cidade de Rondon, no sudeste do Pará. 

O acusado que vai agora vai a julgamento fugiu logo após o crime, teve sua prisão preventiva decretada, mas só foi preso 20 anos depois. A prisão foi efetuada pela polícia de Minas Gerais, onde ele se encontrava escondido. Há dois anos ele se encontra preso aguardando julgamento. O júri foi desaforado para a capital Belém devido a possíveis pressões de fazendeiros sobre os jurados caso fosse realizado na cidade de Rondon.  

O primeiro condenado pelo crime foi o pistoleiro Welington de Jesus, sentenciado a 29 anos de prisão em júri realizado em 12 de abril de 2007. O condenado passou pouco mais de sete anos preso e foi autorizado pela justiça paraense a passar um final de ano em casa. Nunca mais retornou. A polícia paraense nunca fez qualquer esforço para recapturá-lo. O fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido como Delsão, acusado de ser o mandante, foi condenado a 12 anos de prisão, mas aguarda julgamento de recursos em liberdade.

O irmão Igoismar Mariano, segundo intermediário do crime, continua foragido. De acordo com monitoramento feito pela CPT, há mais de 30 mandados de prisão expedidos contra executores e mandantes de crimes no campo no Pará sem serem cumpridos pela polícia do Estado. Um dos casos muito conhecido é o do casal de extrativistas José Claudio e Maria. O mandante do respectivo crime, José Rodrigues Moreira, condenado a 60 anos de prisão em júri ocorrido em 06 de dezembro de 2016, nunca foi preso para cumprir a pena. 

Dezinho eram um dos sindicalistas mais combativos da região sudeste do Pará. Foi assassinado na porta de sua casa com três tiros. Quatro anos depois, o sindicalista Ribamar Francisco dos Santos, sucessor de Dezinho, também foi assassinado. A morte de Ribamar nunca foi esclarecida e ninguém foi responsabilizado. Ainda de acordo com os dados de conflitos no campo da CPT, nas últimas quatro décadas, 115 lideranças sindicais, religiosas e políticas foram assassinadas no Estado do Pará decorrente de conflitos pela posse da terra ou da defesa de territórios. Maioria absoluta dos casos permanecem totalmente impunes. 

Marabá/Rondon do Pará, 09 de dezembro de 2022.

 

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará. 
Federação dos Trabalhadores na Agricultura – FETAGRI.
Comissão Pastoral da Terra – CPT Pará.
Sociedade Paraense de Defesa dos Direito Humanos – SDDH. 
Instituto José Claudio e Maria – IZM.

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