COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Os membros do Quilombo de Açude, no município de Serrano do Maranhão, tiveram novamente suas terras queimadas por grileiros. Segundo o Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia de Cururupu, além das plantações incendiadas, a comunidade tem sido vítima de ameaças de um homem armado que se diz detentor da terra.

Fonte / Imagem: Jornal Vias de Fato via Agência Tambor 

A última plantação foi queimada no domingo (18) e pertencia ao lavrador quilombola Benedido Silva, o que fez sua filha, Elissandra de Oliveira, registrar o B.O. Segundo ela, o homem chamado Antônio Carlos de Carvalho já vinha importunando os moradores desde o mês de junho, quando disse ter comprado terrenos dentro do território quilombola – apesar de ele estar em processo de regularização no Incra desde 2011.

Desde a segunda-feira (20), então, a comunidade do Açude recorre às autoridades para obter proteção urgente de suas terras e de seus membros, mas não tem tido respostas. “Lá em Açude, ele [Antônio] está dizendo que hoje (terça, 20) de tarde ele vai queimar o restante. Ele está mobilizando as outras pessoas que compraram as terras para acabar de incendiar”, expõe Elissandra.

Descumprimento do acordo

No dia 27 de junho, o homem em questão foi chamado para uma reunião no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais em Serrano, onde fez um acordo com representantes do Quilombo de que a resolução do conflito entre eles seria pacífica. A reunião teve presença de diversas entidades, como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a Secretaria Estadual de Igualdade Racial e a Polícia Militar do Maranhão.

No documento assinado naquele dia, consta que “o sr. Antônio Carlos parece ter sido induzido ao erro” ao comprar um terreno onde já haviam antes roças e moradias de lideranças quilombolas, tais como Benedito. Dos 13 mil hectares do Quilombo, 60 hectares e 48 ares foram vendidos nesta transição “de má-fé”, diz o documento.

O Quilombo enfrenta a luta pela regularização de seu território há oito anos. Pouco tempo depois de seus moradores terem dado entrada no processo do Incra em 2011, herdeiros da família Cadete iniciaram a oferta da área, sem alertar aos potenciais compradores que ela poderia ser posteriormente desapropriada pela União. Somente em 2018 a família vendeu o terreno a Antônio Carlos.

Mesmo com o acordo de paz assinado, Antônio voltou a frequentar a área na semana passada. “Ele quebrou esse acordo e começou a incendiar o roçado que é o nosso sustento. Ele começou a incendiar, ameaçar andando armado o tempo todo”, conta Elissandra. Conforme conta no B.O., Antônio anda portando uma espingarda e um facão, ameaçando as famílias quilombolas.

“Eles tão ameaçando porque sabem que qualquer hora podem sair de lá”, explica a quilombola, referindo-se à regularização. “Eles querem tacar fogo, não estão nem aí para os prejuízos e ninguém faz nada.”

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline