COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Uma decisão da juíza Wanessa Lorena Martins de Sousa Motta, da Comarca de Wanderlândia, prevê o despejo de mais de 70 famílias da comunidade camponesa Taboca na próxima quarta-feira (20), em Babaçulândia (TO). A ordem de reintegração de posse é favorável a especuladores de terras que nunca exerceram posse naquela região e, inclusive, sequer vivem no Brasil. 

Acesse abaixo as versões da Nota em Português, Inglês, Espanhol, e Francês // Access the versions below in Portuguese, English, Spanish, and French: 

As áreas reivindicadas no processo judicial movido por Markus Max Wirth e outros, em desfavor das famílias que ocupam o imóvel há cerca de sete anos, são arrecadadas e matriculadas em nome da União.

A juíza determinou, em outubro de 2018, o despejo das famílias em uma sentença baseada em possíveis provas carregadas de vícios e apenas testemunhas dos requerentes foram ouvidas em audiência de justificação. Ou seja, provas produzidas unilateralmente cerceando a ampla defesa dos agricultores e agricultoras familiares que ali vivem.

Em julho de 2016, a União ingressou no processo manifestando interesse no imóvel com possibilidade de destiná-lo a interesse social para criação de assentamento ou regularização fundiária para as famílias camponesas.

Desde 2014, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cadastrou parte das famílias e instaurou processo administrativo para criação de Projeto de Assentamento. No entanto, apesar das inúmeras cobranças das famílias e por morosidade do órgão, o procedimento nunca caminhou conforme previsto.

Na sexta-feira (8), o Ministério Público Federal de Araguaína instaurou inquérito civil público para apurar as irregularidades das matrículas da área em litígio.

 Ajude a divulgar esse caso e use a hastag #PelasVidasdoTaboca

SAIBA MAIS: Famílias camponesas sofrem tentativa de expulsão de suas terras no Tocantins

As famílias da comunidade Taboca já estão completamente estabelecidas na região. Parte da produção de suas roças – arroz, feijão, mandioca, farinha de puba, abóbora entre outros – abastece o município de Babaçulândia; há um projeto de pesquisa na linha da agroecologia da comunidade em parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) há cerca de um ano; crianças e adolescentes estudam nas escolas da cidade e serão diretamente afetadas pela expulsão da comunidade.

É fato que despejar as mais de 70 famílias de suas casas criará um imensurável problema social. Diante de tudo isso, o regional Araguaia-Tocantins da Comissão Pastoral da Terra (CPT) declara total apoio às famílias da comunidade Taboca que há anos produzem alimentos saudáveis e diversificados, gerando renda e trabalho a partir do campo, criam seus filhos e filhas e vivem pacificamente na área.

Solidarizam-se, também, às famílias camponesas da comunidade Taboca: Dom Philip Dickmans, Presidente do Regional Norte 3 da CNBB; Dom Giovane Pereira de Melo, Bispo da Diocese de Tocantinópolis; Conselho Indigenista Missionário Goiás-Tocantins (CIMI/GOTO); Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saberes e Práticas Agroecológicas da Universidade Federal do Tocantins (Neuza).


Comissão Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins
Araguaína, 18 de março de 2019

 

English: Judicial decision foresees eviction of more than 70 peasant families in Babaçulândia (TO)

A decision taken by Judge Wanessa Lorraine Martins de Sousa Motta of the Wanderlândia County predicts that more than 70 families from the Taboca peasant community will be evicted next Wednesday (20) in Babaçulândia (TO). The order to reintegrate possession is favorable to land speculators who have never held possession in that region and do not even live in Brazil.

The areas claimed in the repossession proceedings brought by Markus Max Wirth and others, to the detriment of the families occupying the property for about seven years, are registered in the name of the Brazilian State.

In October 2018, the judge ordered the eviction of the families in a sentence based on possible evidence laden with vices and witnesses from the applicants heard in a hearing of justification. Thus, the evidence produced unilaterally has curtailed the widespread defense of the family farmers who live there.

In July 2016, the Brazilian State joined in the process manifesting interest in the property with the possibility of assigning it to social interest for settlement creation or land regularization for the peasant families.

Since 2014, the Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) has registered the families and established an administrative process to create a Settlement Project. However, despite numerous complaints from families and due to the institution's slowness, the procedure never proceeded as planned.

On Friday (8), the Federal Public Prosecutor instituted a public civil inquiry to determine irregularities in the registrations of the area in dispute.

The families of the Taboca community are already fully established in the region. Part of the production of its crops - rice, beans, manioc, puba flour, pumpkin, among others - supplies the municipality of Babaçulândia; there is a research project of the Federal University of Tocantins, in partnership with the community in agroecology for about a year; children and adolescents study in the city's schools and would be directly affected by expulsion from the community.

It is a fact that dumping more than 70 families from their homes will create an immeasurable social problem. In the face of all this, the Pastoral Land Commission in the Araguaia-Tocantins region declares full support to the families of the Taboca community who for years have produced healthy and diversified food, generating income and work from the countryside, raising their sons and daughters and living peacefully in the area.

The Pastoral Land Commission Araguaia-Tocantins
Araguaína, March 18th, 2019

 

Spanish: Resolución judicial prevé la expulsión de más de 70 familias campesinas en Babaçulândia (Tocantins - Brasil)

Una resolución de la jueza Wanessa Lorena Martins de Sousa Motta, de la Comarca de Wanderlândia, prevé la expulsión de más de 70 familias de la comunidad campesina Taboca en el miércoles próximo (20), en Babaçulândia (una ciudad ubicada en Tocantins, provincia del norte de Brasil). El ordenamiento de reintegración de posesión es favorable a especuladores de tierras que nunca han ejercido pose en aquella región, y ni siquiera viven en Brasil.

Las áreas reivindicadas en el proceso judicial de reintegración de posesión recurrido por Markus Max Wirth y otros, en detrimento de familias que ocupan el inmueble hace cerca de siete años, son recaudadas y matriculadas en nombre de la Unión. En el último viernes (8), el Ministerio Público Federal puso en práctica una investigación civil pública para cerciorarse las irregularidades de las matrículas de la área en litigio.

El julio del 2016, la Unión ingresó en el proceso manifestando interés en el inmueble con posibilidad de destinarlo al uso social, para creación de asentamientos o regularización agraria para las familias campesinas. Desde el 2014, el Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) inscribió las 70 familias y puso en práctica un proceso administrativo para la creación de un proyecto de asentamiento.

El octubre del 2018, la jueza determinó el desalojamiento de las familias en una sentencia basada en posibles pruebas cargadas de vicios y testigos de los solicitantes oídos en audiencia de justificación. En otras palabras, pruebas producidas unilateralmente, cercenando la amplia defensa de los agricultores y agricultoras familiares que viven allí.

Las familias de la comunidad Taboca ya están completamente establecidas en la región. Parte de la producción de sus plantaciones - arroz, frijoles, mandioca y su harina fermentada, calabaza, entre otros cultivos - abastecen el municipio de Babaçulândia; hay un proyecto de investigación en la línea de la agroecología de la comunidad en asociación con la Universidad Federal de Tocantins hace cerca de un año; niños y jóvenes estudian en escuelas de la ciudad e serían directamente perjudicados por la expulsión de la comunidad.

Es hecho que desalojar esas más de 70 familias de sus casas producirá un inmensurable problema social. Delante de todo eso, el regional Araguaia-Tocantins de la Comisión Pastoral da Terra declara total apoyo a las familias de la comunidad Taboca que hace años producen alimentación saludable y diversificada, generando renta y trabajo a partir del campo, criando a sus hijos e hijas, viviendo pacíficamente en la área.

Comisión Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins

Araguaína (Tocantins - Brasil), 18 de marzo 2019

 

French: Babaçulândia (Tocantins): une décision judiciaire

prévoit l'expulsion de plus de 70 familles paysannes

Une ordonnance prise par Wanessa Lorraine Martins de Sousa Motta, juge du tribunal de Wanderlandia, a fixé à mercredi prochain, 20 mars, l´éviction de plus de 70 familles de la communauté paysanne de Taboca, à Babaçulândia (TO). L’ordonnance de “réintégration de posse” a été prise au profit de spéculateurs de terres qui n’ont jamais été propriétaires dans cette région et ne vivent même pas au Brésil.

Les terres revendiquées dans le procès judiciaire intenté par Markus Max Wirth et autres, à l´encontre de ces familles, sont occupées par elles depuis près de 7 ans et sont enregistrées au nom de l'Etat Fédéral.

En octobre 2018, la même magistrate avait ordonné l'expulsion de ces familles. La sentence fut basée sur des preuves couvertes d´irrégularités. Lors de l´audience de justification seuls ont été entendus les témoins des requérants. Autrement dit: les preuves produites l´ont été de manière unilatérale, empêchant les petits agriculteurs qui vivent sur ces terres d´exercer leur droit à une ample défense.

En juillet 2016, l´État Fédéral a demandé à être partie dans le procès en raison de son intérêt pour le domaine et de la possibilité de lui donner une finalité sociale par la création d´un assentamento ou par une régularisation foncière au profit des familles paysannes.

Dès 2014, l'Institut National pour la Colonisation et la Réforme Agraire (INCRA) avait immatriculé une partie des familles et mis en place le procès administratif visant à créer un Projet d´Assentamento. Cependant, en dépit des demandes repétées formulées par les familles et em vertu de la lenteur de cette administration, le procès n´a jamais avancé comme espéré.

Le vendredi 8 mars, le Ministère Public Fédéral d'Araguaína a instauré une Enquête Civile portant sur les irrégularités constatées dans les écritures d'enregistrement du domaine em litige.

Les familles de la communauté de Taboca sont déjà bien établies dans la région.

Elles approvisionnent la commune de Babaçulândia avec une partie de la production des champs qu´elles cultivent: riz, haricot, manioc, farine de manioc, citrouille, entre autres. Depuis un an, un projet de recherche, portant sur les pratiques agro-écologiques développées par la communauté, est réalisé en partenariat avec l'Université Fédérale du Tocantins. Les enfants et les adolescents sont scolarisés dans les écoles de la ville de Babaçulândia. Ils seront directement frappés par l'expulsion de la communauté.

Il est évident que le fait d´expulser de leurs foyers plus de 70 familles va créer un problème social sans mesure.

Face à tout cela, la Commission Pastorale de la Terre (Région Araguaia-Tocantins) déclare son total soutien aux familles de la communauté de Taboca: elles produisent depuis des années une alimentation saine et diversifiée, elles générent des revenus et du travail en pleine campagne, eles élèvent leurs fils et leurs filles et vivent en paix sur ces terres.

Araguaína, le 18 mars 2019

Commission Pastorale de la Terre – Région Araguaia-Tocantins

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