COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Osvalinda e Daniel Pereira são ameaçados, há mais de seis anos, por madeireiros e latifundiários da região de Trairão, município do Oeste do Pará. Após acordar, neste domingo (20), Osvalinda foi colher maracujá e encontrou, dentro de seu terreno, duas covas, com cruzes cravadas nelas. Uma para ela, outra para seu marido.

 

(Por Daniel Camargos, da Repórter Brasil, especial para o Blog do Sakamoto | Imagem: Reprodução/Blog do Sakamoto)

Os Pereira são jurados de morte por não colaborarem com a extração ilegal de árvores de alto valor comercial. Madeireiros usam as estradas do assentamento em que vivem como rota de contrabando de unidades de conservação ambiental. Motocicletas com homens armados e encapuzados constantemente rodeiam a casa deles no Projeto de Assentamento Areia, onde plantam frutas.

“Com essa ameaça agora, eu fiquei besta”, afirma Osvalinda, que é presidente da associação de mulheres do Projeto de Assentamento Areia. Ela, que já acostumada às ameaças, não sabe de onde partiu essa. Mas desconfia que tenha saído de onde vieram as outras.

Osvalinda conta que chegou a ser pressionada pelos madeireiros para elaborar um abaixo-assinado entre os moradores a favor da exploração de madeira na região, contudo, negou. ”Ofereceram dinheiro, mas nem eu e nem meu marido aceitamos”, explica.

Outra possibilidade é uma retaliação ao projeto que desenvolve na associação, que busca diversificar as formas de renda das famílias e contraria interesses dos latifundiários da região. Um dia antes do aparecimento das covas, no sábado, ela havia participado de uma reunião da associação.

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O projeto de assentamento Areia foi criado em 1998 e lá vivem 300 famílias. Osvalinda acredita que a permanência no local é sua maior garantia de vida.

“Se eles nos matarem aqui dentro todo mundo vai saber quem mandou matar.”

De acordo com o delegado da Polícia Civil de Trairão, Ricardo Vieira de Lima, um inquérito foi aberto no domingo, após denúncia de Osvalinda. Questionado se a polícia já tem suspeitos, afirmou que não poderia falar sobre isso. ''Estamos investigando.”

O prazo para a conclusão do inquérito é de 30 dias, porém, ele informa que os policiais vão se esforçar para encontrarem os autores da ameaça antes do término do prazo. “Essa ameaça com covas e cruzes é atípica. Nossa função é identificar quem fez isso.”

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