COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A renúncia era tida como um gesto de fraqueza. Na verdade, talvez seja o gesto de maior grandeza que tenha feito em toda sua vida. 

 

 

Roberto Malvezzi (Gogó)

Mais do que surpreendente, o gesto de Bento XVI é emocionante. Cercado de gente conservadora que ele mesmo promoveu, há tempos ele pensava em renunciar, mas vários de seus mais próximos sempre o desaconselharam. A renúncia era tida como um gesto de fraqueza. Na verdade, talvez seja o gesto de maior grandeza que tenha feito em toda sua vida.

A idade pesa. O cargo é exigente. Então, reconhecer os próprios limites e ousar dar um passo que não acontecia na Igreja Católica desde 1415 é mesmo histórico. Muitos católicos – como eu – têm a sensação de que nossa Igreja ainda não entrou no século XXI. Os grandes desafios humanos e do planeta no qual habitamos são temas secundários na agenda Católica. Claro que muitos cristãos e muitas igrejas particulares já se lançaram sobre esses temas, caso da própria CNBB, mas falta o gesto profético da Igreja Universal.

Nada garante que o sucessor de Bento XVI tenha uma visão de mundo que o impila a sair dos muros do Vaticano, ou da própria Igreja, para cumprir seu papel de fermento, sal e luz para toda a humanidade. Claro que grande parte da humanidade também está de costas para qualquer iniciativa que venha da Igreja, mas, independente disso, a sua tarefa é promover o Reino de Deus e a sua justiça.

O gesto do Papa parece revelar um sopro do Espírito, humildemente acolhido. Quem sabe o Espírito venha em toda a sua plenitude.

Roberto Malvezzi (Gogó) é assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

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