COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

No Dia Mundial da Água, celebrado hoje, 22 de Março, povos e comunidades do Cerrado se mobilizam em defesa das Águas do Cerrado. Ações acontecem na Bahia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais e em diversas outras localidades. Confira:

 

(Por Articulação das CPT’s do Cerrado)

Mas qual a relação entre o Cerrado e a Água? O Cerrado ocupa 22% do território brasileiro e é deste bioma que brotam as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, a Amazônica/Tocantins, o São Francisco e Paraná/Paraguai. Devido às características do solo e vegetação do Cerrado, este bioma possui relevante importância na manutenção dos aquíferos, responsáveis por abastecer nossos rios. “A proteção das águas tinha de ser questão de segurança nacional, porque se o Cerrado for extinto, leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água”, ressalta o pesquisador goiano Altair Sales.

Confira as ações programadas para hoje:

Tocantins

A Praça das Bandeiras, localizada na região central de Araguaína, no Tocantins, recebe ao longo desse dia várias atividades voltadas para a temática “Águas do Cerrado – Casa comum: nossa responsabilidade”. O evento teve início às 08 horas da manhã e segue até às 20 horas. Faz parte da programação panfletagem, roda de conversa sobre a defesa do Cerrado e a importância das águas, e apresentações culturais. Também no evento acontece a exibição e lançamento do documentário sobre os impactos do Matopiba na vida das comunidades do Cerrado, produzido pela CPT Regional Araguaia/Tocantins.

“Escolhemos essa data para, num ato público, manifestarmos a nossa indignação pela devastação do nosso Cerrado, o Berço das Águas. Ainda, tendo em vista o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 (Casa Comum, Nossa Responsabilidade), trabalhado pela Igreja Católica e Igrejas Evangélicas, voltamos nossa atenção à consciência de cada um”, destaca a organização do evento. À noite, para encerrar o evento, acontecerá uma Celebração Ecumênica na praça.

As atividades são abertas ao público em geral. Participam da organização a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Coletivo Flor de Pequi, Universidade Federal do Tocantins (UFT), Associação Negra Cor, e Diocese de Tocantinópolis.

LEIA TAMBÉM: Manifesto dos Povos do Cerrado no Dia Mundial da Água

Goiás

No município de Silvânia, distante 85 quilômetros de Goiânia, onde têm ocorrido graves crimes ambientais contra os rios da região – extração de minérios e areia – será realizado um encontro com representantes das comunidades e reunião com os vereadores.  O objetivo é solicitar uma audiência pública para tratar sobre esse caso. Ao fim do dia acontece a celebração das águas na comunidade João de Deus, localizada no município.

Mato Grosso

Na Praça Brasil, em Rondonópolis, no Mato Grosso, toda a manhã foi de ações de conscientização que discutiram a qualidade da água e a preservação de nascentes. Foi medido o nível de pH (potencial de hidrogênio) de amostras de águas vindas de várias regiões do município.

Em Rondonópolis estima-se que entre 800 e mil nascentes precisam ser protegidas. Em um trabalho de proteção e recuperação de nascentes na região do Bananal e Olga Benário (Bacia do Rio São Lourenço – Córregos Beroaba e Arareal), realizado em mutirão com as comunidades, já foram recuperadas 47 nascentes.

As ações têm apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Equipe Permanente de Campanhas – CFE 2016 Casa comum, nossa responsabilidade, Irmãs Catequistas Franciscanas, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Grupo Arareau, Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondonópolis, Movimento dos Trabalhadores Assentados (MTA), MST 13 de Outubro, e MTS.

Roda de conversa sobre a defesa do Cerrado e a importância das águas é realizada em Araguaína, TO. Crédito: CPT Araguaia/Tocantins

Bahia

No Oeste baiano as atividades relacionadas à água tiveram início na semana passada. Entre os dias 14 e 18 de março, no município de Bom Jesus da Lapa, aconteceram as Caravanas de Saneamento na Bacia do São Francisco, quando foram realizadas oficinais de formação abertas ao poder público e à sociedade civil organizada. Já em Santa Maria da Vitória, as ações tiveram início nesta segunda-feira (21) e seguem até o dia 24 de março.

O objetivo das caravanas, conforme organizadores, é a “capacitação de pessoas dos municípios integrantes da Bacia para o processo de elaboração, de forma participativa, de seus Planos Municipais de Saneamento Básico, de acordo com a legislação em vigor, apresentando e discutindo o processo formal e os conteúdos mínimos que devem estar contidos nos Planos”. Ao fim, em Bom Jesus da Lapa, as caravanas culminaram no Seminário de Saneamento Básico na Bacia do São Francisco, realizado no dia 18 de março.

As atividades, priorizadas pela CPT e movimentos sociais da região, são promovidas pelo Ministério Público do Estado da Bahia, através do Núcleo de Defesa do Rio São Francisco (NUSF) e em parceria com o Comité de Bacia do São Francisco (CBHSF); Agência de Bacia Hidrográfica do São Francisco Peixe Vivo (AGB), Articulação Popular do São Francisco Vivo, e Comissão Pastoral da Terra.

Minas Gerais

No Norte de Minas Gerais, no município de Grão Mogol, acontece hoje uma mobilização das comunidades camponesas atingidas pela monocultura do eucalipto e ameaçadas pela mineração na Serra Geral, região de Cerrado.

As comunidades dessa região, muitas Geraizeiras, foram expulsas pelas empresas de monocultura de eucalipto. Lá na década de 1970, empresas incentivadas pelo Governo – créditos e terras devolutas – e grileiras de terra, iniciaram invasão e destruição de imensas áreas de Cerrado para o plantio do eucalipto.

Encurraladas, hoje as comunidades sofrem com a falta de água em função dos monocultivos. Perderam suas terras e águas. Agora se organizam para lutar pelos seus Territórios. 

Recentemente, de acordo com organizações locais, a empresa SAM vem tentando minerar na região. Quer construir um mineroduto para levar o minério de ferro até o Porto Sul, no Sul da Bahia. Obra também em conflito com os camponeses e camponesas. A população camponesa e os movimentos sociais se posicionam de forma contrária ao projeto, pois acreditam que a obra será mais um desastre social e ambiental. Obra essa que pretende usar quase o dobro de água que hoje Montes Claros consome.  

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