COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Sob o olhar atento do governo equatoriano, a marcha que começou no dia 2 de agosto, na província de Zamora Chinchipe, está prevista para chegar hoje, 10, a capital Quito. Participam dela indígenas, camponeses, sindicatos, grupos de jovens e outros.

 

(Servindi / foto: Gudynas)

 

A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) lançou em meados de julho a chamada para a mobilização, os principais pontos levantados por aqueles que sentiram a necessidade de tomar as ruas em uma viagem de centenas de quilômetros destinados para o Palácio Carondelet.

Exigindo que o governo revogue o controverso decreto de 2013, que subordina a sociedade civil ao controle do governo, através de uma série de alterações no Sistema Único de Informação para Organizações Sociais (SUIOS). Contudo, há poucos dias, faltando pouco para a greve nacional convocada pelos sindicatos para 13 de agosto, o presidente Rafael Correa deu um passo atrás e, com um decreto executivo modificou a disposição controversa. Tal atitude não o fez ganhar a aprovação de organizações, que reafirmaram a realização da mobilização que estão chamando de "Levante Indígena e Greve Nacional".

Outra forte crítica contra o governo tem a ver com um pacote de 17 emendas propostas para averiguação da Assembleia Nacional. Entre elas figura uma sobre reeleição indefinida para cargos de mandato popular, o que inclui o cargo de presidente da República.

Em outros lugares, a marcha procura uma mudança nas políticas relacionadas ao meio ambiente. De acordo com relatos da Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (CONFENIAE), que participa da marcha, um ponto central é a rejeição de mineração em grande escala e, especialmente, da empresa chinesa ECSA, responsável pelo projeto Mirador.

Este projeto é visto como aquele que abriu a mineração em grande escala no país.

A Marcha

A mobilização que começou no dia 2 de agosto tem a previsão de chegar a Quito ainda hoje, dia 10, e partiu de Tundayme, no coração de Zamora Chinchipe, sul do Equador, em plena floresta amazônica.

A fim de cumprir os prazos estabelecidos, os marchantes têm se deslocado a pé e, também, em alguns trechos, de ônibus. De acordo com reportagens de meios de comunicação equatorianos, no caminho para a capital, vão ter que percorrer um total de oito municípios e, dependendo do local, podem encontrar mais ou menos apoio para a marcha. Não faltaram incidentes com a polícia, como bloqueio dos veículos que transladavam os marchantes.

De acordo com o jornal A República do Equador, em seu caminho por Saraguro (município de Loja), Carlos Pérez, presidente da ECUARUNARI, disse que "enquanto (Rafael Correa) faz declarações de guerra, nós fazemos a declaração de paz. Não temos medo de Correa e vamos chegar a Quito ". Cabe recordar, como diz o próprio jornal, que, por ocasião da marcha, Correa chamou esta semana as forças armadas e policiais para "lutar por seu país sem esperar recompensa" e confrontar os esforços de desestabilização "com as armas do direito e da Constituição ".

Divisão

Ao que parece, não há um consenso ou acordo sobre a efetiva participação das organizações indígenas na mobilização. Enquanto a CONAIE salienta que a mobilização tem o apoio da maioria dos indígenas, pronunciamentos de várias frentes, inclusive de suas próprias bases, põem em dúvida que seja realmente assim.

Já foi possível visualizar isso na última sexta-feira na chegada do grupo à província de Guamote, Chimborazo, a cerca de 250 quilômetros de Quito. Lá, um grupo de partidários do governo acusou os manifestantes de "golpistas".

Este não é um incidente isolado. Muito antes, ex-dirigentes da CONAIE, como Antonio Vargas, Miguel e Gilberto Lluco Talahua, afirmaram o seu apoio ao Governo. Em Chimborazo, a Confederação de Organizações Camponesas e Indígenas de Licto (Coical), através de um de seus representantes, disse que não apoiam a marcha e nem a Greve Geral convocada para o dia 13.

Perante esta situação, conforme relato da Ecuavisa, a CONAIE se defendeu, salientando que "o movimento indígena reconhece como únicos aliados históricos, todos os setores das classes populares: trabalhadores, estudantes, professores e outros grupos que compõem a grande base social popular do Equador ".

Por enquanto, não estão ausentes incidentes com a imprensa, que já relataram agressões sofridas durante a marcha. 

 

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline