COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Nesse último fim de semana, entre os dias 20 e 22, aconteceu o I Intereclesial das CEBs da Diocese de Rio Branco com o Tema: “Vida e Missão das CEBs e o Lema: Desafios, Resistências, Lutas e Esperanças das CEBs no mundo urbano e Rural. O encontro faz parte do projeto em preparação ao Centenário da Igreja particular de Rio Branco, no Acre.

 

(Texto e imagens por Neurimar Pereira da Silva – CEBs do Brasil )

Das 180 pessoas presentes estavam representantes leigos e leigas de todas as paróquias de Rio Branco e interior, o Arcebispo emérito Dom Moacyr Grechi, padres, religiosas (os) e diáconos permanentes, pastores evangélicos (membros do Instituto Fé e Politica), docente e discentes da UFAC e representantes do Fórum Social Panamazonico, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Por ocasião da Assembleia Regional da CNBB Noroeste, Dom Joaquin Pertinez, bispo diocesano, não pôde participar, mas com uma carta animadora fez o convite a todos os participantes nas comunidades. Foram três dias de intensa programação; no primeiro dia, na sexta-feira, iniciou-se com a mística que recordou toda a caminhada da Igreja em cem anos. No segundo dia foi feito um resgate histórico das CEBs e Grupos de Evangelização através dos Padres: Mássimo e Chagas e as irmãs: Rosalia (Servas de Maria de Galeazza), Nieta ( Josefinas) e Marinela (Servas de Maria Reparadora) e os leigos: João Olímpio e Jorge Camargo,  além de presença do Arcebispo Emérito Dom Moacyr, que mesmo com as suas limitações, fez a memória de sua trajetória, os obstáculos, lutas e as alegrias: Padre Luiz Ceppi e Dra. Lilian Moser (assessora do Regional Noroeste) fizeram a analise da conjuntura atual, trazendo presentes os desafios das Comunidades Eclesiais de Base hoje e suas perspectivas. No sábado à tarde os participantes se dividiram em rodas de conversas que ajudaram a refletir sobre a caminhada das CEBs  que encerrou-se com uma “Romaria” pelo bairro Cidade do Povo.

No Domingo iniciamos com a Celebração Eucarística presidida pelo Dom Moacyr Grechi após os agradecimentos pela sua participação, passamos para os informes sobre O Relatório de Conflito da CPT-2016; XII ENPJ; Rede Celebra e 14º Intereclesial das CEBs, em seguida foi feita a Leitura e Aprovação da Mensagem as Comunidades Eclesiais de Base da Diocese de Rio Branco finalizando o encontro com o envio para a missão.

MENSAGEM ÀS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE DA DIOCESE DE RIO BRANCO

 Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo (Ex 3,7).

Nós, homens e mulheres, saudamos todo o nosso povo nas comunidades da Diocese de Rio Branco. Somos aproximadamente 180 pessoas que em debates, experiências, cantos, danças e rezas, partilhamos nossas dores, lutas e rebeldias no I Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base realizado nos dias 20 a 22 de outubro de 2017 na Área Missionária Cidade do Povo, capital do Acre, Rio Branco.

Animados pelo convite do nosso pastor Dom Joaquín Pertinez que nos retratou muito bem em sua carta quando nos diz, a luz do Concílio Vaticano II, que “as CEBs, com o seu jeito normal da Igreja ser, produziu uma revirada eclesial, colocando o Povo no centro da vida da Igreja e a hierarquia ao seu serviço. A luz da Palavra de Deus, os leigos começaram a ser os protagonistas das ações evangelizadoras, levando à vida do dia a dia a prática das primeiras comunidades cristãs, através da leitura da palavra, da oração, da partilha e da fração do pão eucarístico”.

Por ocasião do centenário da Igreja de Rio Branco, resgatamos o gênesis das comunidades eclesiais de base e grupos de evangelização, através dos testemunhos de Dom Moacyr Grechi, padres missionários, religiosas missionárias e leigos e leigas, caminhada feita com muita luta, resistência e esperança dessa porção do povo de Deus na Amazônia. A realidade nos chama a conversão, a exemplo de vários fatos testemunhados e inclusive quando numa reunião em que se encontrava Dom Moacyr e os padres chegaram um grupo de seringueiros e disseram: “As pessoas de quem vocês batizaram os filhos estão nos expulsando”, assim como este, outros testemunhos marcaram e marcam ainda hoje a conversão da Igreja de Rio Branco e sua opção preferencial pelos povos da floresta, pela missão e pelas comunidades, lugar de oração e de partilha. Uma frase marcou a manhã desse dia: “Voltar as Fontes”, Dom Moacyr nos instiga a voltar a beber da fonte, voltar a beber de nossas comunidades.

Fomos chamados (as) para as “rodas de conversas” que nos ajudaram a olhar a realidade com mais profundidade. Refletimos a partir da encíclica Laudato Si’, alertando sobre a maneira que cuidamos do planeta. Denunciamos os projetos desenvolvimentistas: agronegócio, as hidrelétricas, desmatamento, o manejo florestal e Projeto REDD (Redução de Emissão de gases decorrente do Desmatamento e Degradação florestal ) que trazem prejuízos incalculáveis para o ser humano, a fauna e flora, mata os rios e igarapés com a retirada da mata ciliar e as máquinas que compactam o solo impedindo da semente germinar. Assumimos o desafio de proteger a nossa casa comum, motivando ao compromisso e a preservação da floresta e dos povos que nela habitam: povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, extrativistas, agricultores familiares e comunidades tradicionais. As juventudes, presentes em nossa Igreja nos preocupam e nos convocam para um olhar mais fraterno e acolhedor que possamos atendê-los com políticas públicas eficientes, valorização e conscientização, e ainda, conclamam um grito em favor da vida e contra o extermínio de jovens. O diálogo inter-religioso e o ecumenismo são um alerta ao respeito e ao viver e conviver com as diversidades. A corrupção, nos vários poderes, principalmente no âmbito governamental e o sistema neoliberal, só favorecem a quem tem o poder e dinheiro ter mais poder e mais dinheiro, retirando dos trabalhadores direitos garantidos pela constituição, tornando o pobre mais pobre, tornando-o descartável e sem perspectiva de vida digna. Denunciamos veemente o tráfico humano, “Não é possível permanecer indiferente sabendo que há seres humanos comprados e vendidos como mercadorias! Levemos em conta as crianças que têm seus órgãos retirados, as mulheres enganadas e obrigadas a se prostituir, os trabalhadores explorados, sem direitos, sem voz, e assim por diante. Isto é tráfico humano!” (palavras de Francisco na mensagem aos fiéis no Brasil, por ocasião da CF 2014 – “Fraternidade e o Tráfico Humano)

As várias partilhas – em especial após a caminhada pelo bairro – de religiosas e monitores que resistem nos lugares mais distantes com sua fé mostraram que o modelo de Igreja das CEBs ainda vive e resiste, e estes são, até os dias atuais, os verdadeiros revolucionários (as) e transformadores sociais, que lutam por um mundo mais justo e por comunidades mais fraternas. O jeito de ser e viver das CEBs são o que vos alimenta e fortalece para continuarem construindo e testemunhando o Reino de Deus.

Sentimo-nos impelidos (as) a reler os Documentos da Igreja, nos comprometendo a estudar a Doutrina da Igreja Católica e fazer a leitura orante da Palavra de Deus, que nos servirão de base para compreendermos o processo de urbanização dentro das áreas rurais e desta forma, enfrentarmos os desafios presentes nas colônias, nos seringais e nas cidades. Desafios estes em que as comunidades com seus pequenos grupos, são a esperança e a certeza da transformação eclesial e social. Em consonância com as comunidades do Brasil, a Diocese de Rio Branco caminha para a partilha de experiências vividas na base no 14º Intereclesial que acontecerá em janeiro de 2018 na Arquidiocese de Londrina. A convocação do Papa Francisco para Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Panamazônica em outubro de 2019, nos deixa esperançosos, a Amazônia necessita desse olhar especial, buscar caminhos para os seus 30 milhões de habitantes é urgente.

Na alegria e na certeza anunciamos que outro mundo é possível, e conosco também caminha o Papa Francisco, a nos animar com seu olhar paterno direcionado à Amazônia. E assim, com a solidariedade e fraternidade, esperança e a “pressa” de Maria, caminhamos com a Igreja em saída e a caminho.

Delegados e delegadas do I Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja particular de Rio Branco

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