Atividade ocorrerá às do Rio Taquari, em Arroio do Maio, ao lado de irmãs e irmãos, peregrinos da esperança, que foram atingidos e enfrentam as consequências da crise climática
Por Andrei Thomaz | CPT Rio Grande do Sul e Marcos Antonio Corbari | Brasil de fato RS
Acolhida pela Diocese de Santa Cruz do Sul, que a promove junto da Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul (CPT/RS), a 47ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul já está em fase de preparação para ser realizada no dia 4 de março de 2025. A Diocese e a Pastoral convidam romeiras e romeiros de todos os municípios dos vales dos rios Pardo e Taquari, bacia do Guaíba e Laguna dos Patos, como um abraço de solidariedade a todas as comunidades urbanas e rurais atingidas pelos efeitos das emergências climáticas: enchentes, inundações e avalanches, decorrentes das chuvas torrenciais de setembro de 2023 e maio de 2024, que golpearam fortemente o Estado.
No contexto do ano jubilar da CPT Nacional, o anúncio de que Arroio do Meio sediará a 47ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul, na terça-feira de Carnaval, veio por meio de Dom Itacir Brassiani, bispo de Santa Cruz do Sul, e apoiado por unanimidade pelo episcopado gaúcho. A reflexão levantada pela Romaria nasce em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2025, cujo tema Fraternidade e Ecologia Integral, nos convida a confirmar pelo lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
“A 47ª Romaria da Terra é uma oportunidade de reafirmarmos a capacidade de caminhar juntos” explica Dom Itacir Brassiani, ao convidar as instituições que realizam a Romaria a reconhecer que este é um dom do Espírito Santo na vida da Igreja. Trilhando o sempre possível “caminho do diálogo”, a Romaria da Terra se organiza desde temas de fronteira na ação pastoral e questão ambiental até a política agrária. Os temas são também um convite para ter um pé na pastoral e outro na terra e suas demandas.
Esse clamor de cuidado com a Casa Comum marcará ainda o ano em que os 50 anos da Comissão Pastoral da Terra nos recorda em seu próximo Congresso Nacional: “Presença, Resistência e Profecia – Romper Cercas, Tecer Teias: a terra a Deus pertence (Lv,25)”. A 47ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul quer firmar um compromisso com a Ecologia Integral, diante da crise climática, e reafirmar que “toda a Terra a Deus pertence” (Lv 25,23).
“Devemos semear esperança entre os peregrinos da Casa Comum”, afirma o Padre José Carlos Stoffel, pároco da Paróquia de Candelária. Já o Padre Alfonso Antoni, pároco de Arroio do Meio, enfatiza que esta é uma das grandes motivações desta Romaria da Terra, que busca levar um abraço de solidariedade e esperança às famílias atingidas e a visibilização das ações que são propositivas para a reconstrução da agricultura camponesas diante da questão ambiental.
Neste caminho de fé e esperança, a equipe de organização – Diocese de Santa Cruz do Sul, Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul, com apoio do Regional Sul III da CNBB – quer também reconhecer e recordar o testemunho de São Francisco de Assis, nos 800 anos do Cântico do Irmão Sol, e a inspiração que este carisma renova nas pastorais sociais e em iniciativas como a Economia de Francisco e Clara, o Movimento Laudato Si, o Pacto Educativo Global, que atua através da Escola do Sentido e a Missão Sementes de Solidariedade.
Reunião ampliada – A organização motiva todas as pessoas de boa vontade, que organizem suas caravanas para dia 4 de março de 2025, para a celebração da Romaria da Terra em Arroio do Meio. A primeira reunião ampliada para a realização da 47ª Romaria da Terra acontecerá dia 13 de dezembro, a partir das 9h no Seminário de Arroio do Meio.
Repercussão
Desde a posse de Dom Itacir Brassiani havia por parte dos romeiros e romeiras uma forte expectativa pela confirmação da Romaria da Terra na Diocese de Santa Cruz do Sul. Para eles o fato de o novo bispo ter se dirigido antes da posse até o território atingido e recolhido madeira da enchente para mandar confeccionar o seu báculo (cajado) foi um ato profético. A forte identificação do líder espiritual da diocese com as causas do povo mais simples é destacada ao longo de toda sua vida religiosa.
Outro fato que reforçava a proposição da Diocese de Santa Cruz do Sul sediar a Romaria da Terra foi a manifestação de apoio formalizada pelas 23 organizações que compõem a Missão Sementes de Solidariedade e que estão atuando com forte presença de voluntariado junto aos pequenos agricultores e agricultoras de matriz familiar e camponesa atingidos pelas enchentes. A expectativa é que a Missão mobilize um grande número de voluntários e voluntárias para ajudar a compor as equipes de apoio da Romaria.
Simbolismo
Incansável nos trabalhos de socorro às vítimas das enchentes e na acolhida aos voluntários – que variavam desde representantes de movimentos sociais e organizações populares até forças de segurança e o próprio Exército Brasileiro – o pároco de Arroio do Meio, padre Alfonso Antoni, tem agora um novo desafio pela frente: coordenar os trabalhos de organização desta que promete ser uma das maiores e mais simbólicas Romarias da Terra dos últimos anos.