O poder Judiciário determinou o encerramento das atividades da Mineração Santa Paulina em Ibirité, Minas Gerais
Por CPT Minas Gerais
Manifestação Popular em Ibirité, MG, no dia 20 de julho de 2023 contra a mineração na Serra do Rola Moça, em defesa das águas, de preservação ambiental e da agricultura familiar. Foto: arquivo CEDEFES
A intensa e incessante luta coletiva de vários Movimentos Socioambientais e Rede de Apoio conquistou uma vitória muito importante para garantirmos que o município de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, se torne de fato TERRITÓRIO LIVRE DE MINERAÇÃO. Por força de decisão da juíza da 3ª Vara Cível da Comarca de Ibirité, Dra. Renata Souza Viana, em sede de antecipação de tutela – Ação Civil Pública 5009765-16.2023.8.13.0114, ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, diante da constatação da evidência de danos ambientais, bem como dos riscos de danos irreparáveis ou de difícil reparação, com a iminência de agravamento destes danos em razão da prática da atividade perpetrada pela empresa Mineração Santa Paulina, popularmente conhecida como Mineração do Pau Oco por suas práticas de devastação ambiental, tem o prazo máximo e improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas, para suspender todas as atividades desenvolvidas pela mineradora no local denominado Fazenda Boa Esperança, Município de Ibirité, MG, que se encontra dentro da Área de Proteção Especial Taboões, manancial de abastecimento público de água que atende mais de 600 (seiscentas) mil pessoas em Sarzedo, Ibirité e região do Barreiro em Belo Horizonte, e a menos de 100 (cem) metros dos limites do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (PESRM), situado nos municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, MG, com seus 3.941,09 hectares de área, é o terceiro maior parque em área urbana do Brasil.
Criado através do decreto estadual nº 36.071, de 27 de setembro de 1994, o Parque é considerado área de proteção especial de mananciais essenciais para o abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Abrange, em seus domínios, várias nascentes e cabeceiras de rios, destacando-se as Áreas de Proteção Especial (APEs): Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina, mananciais que abastecem parte da população de Belo Horizonte, Ibirité e Brumadinho. Adjacente ao PESRM, a Estação Ecológica de Fechos (EEFechos), um importante remanescente florestal, também um importante manancial de água que abastece a cidade de Belo Horizonte. A grande variedade de ecossistemas encontrados nesta região, contendo formações vegetais tanto da Mata Atlântica, quanto do Cerrado e de campos de altitude, faz com que a mesma seja dotada de extraordinária riqueza natural peculiar, que sofre violentas pressões tanto pela exploração mineral quanto pela alocação de empreendimentos imobiliários, em seu entorno. Preservar o PESRM se tornou uma necessidade para a sobrevivência de quase 6 milhões de pessoas da RMBH e de uma riquíssima biodiversidade.
A Exma. Juíza Dra. Renata Souza Viana determinou ainda a abstenção de se promover qualquer intervenção no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça e no seu entorno/zona de amortecimento, de transitar caminhões e transportar minério (ou materiais afins), especialmente no entorno do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (incluindo a sua zona de amortecimento), bem como o trecho descrito pelo revogado Anexo IV do Decreto Municipal n.º 6114/19 como Trecho Mineração Santa Paulina até o Anel Viário de Ibirité, a adoção de todas as medidas emergenciais e de segurança aptas a assegurar a estabilidade de todas as estruturas existentes no empreendimento minerário, enquanto elas existirem, inclusive daquelas estruturas cuja operação será paralisada, devendo, ainda, ser garantida a neutralização de todo e qualquer risco à população e ao meio ambiente natural, cultural e artificial. Por fim, visando garantir a integral reparação dos danos causados, notadamente o dano moral coletivo aferível determinou o imediato bloqueio da quantia de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) em contas de titularidade da Mineração Santa Paulina.
A magistrada consignou que a mineradora ré está atuando à margem da legalidade, sem prévia licença ambiental e regular estudo de impacto, com uso clandestino dos meios necessários à atividade mineradora, apontando os múltiplos impactos negativos, danos ambientais e atividades poluidoras, com graves prejuízos à fauna, à flora e à vida humana, além de prejuízo ao patrimônio cultural, turístico, histórico e paisagístico. E foi adiante. Considerou que a “autorização” com dispensa da necessidade de prévio licenciamento ambiental para a atividade de escoamento do minério já lavrado, viola o que determina o artigo 6ºA do Código de Minas, segundo o qual “a atividade de mineração abrange a pesquisa, a lavra, o desenvolvimento da mina, o beneficiamento, o armazenamento de estéreis e rejeitos *e o transporte e a comercialização dos minérios* (…)”. Ou seja, de acordo com o referido diploma legal, a atividade de transporte de minério é considerada atividade de mineração e, consequentemente, não há que se falar em dispensa de licenciamento ambiental.
Salientamos que o governo Zema, desrespeitando um parecer contundente técnico muito bem fundamentado da SEMAD, de 2021, autorizou em poucas linhas, de forma ilegal, que a mineração Santa Paulina pudesse minerar na área já minerada sem licenciamento ambiental, o que é absurda ilegalidade. A juíza determinou que esta ilegalidade não pode vigorar.
Devem agora a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos (SEMAS) de Ibirité, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), as Prefeituras dos Municípios de Ibirité e Sarzedo, e a Polícia Militar da Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito (DMAT), garantirem que a empresa Mineração Santa Paulina seja impedida de continuar praticando mineração à margem da lei e da Constituição.
Espera-se também que no curso das próximas semanas seja determinada a contratação de consultorias técnicas independentes para a elaboração do Plano de Recuperação das Áreas Degradadas, e que, em caso de eventual recurso, que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais mantenha a decisão da eminente juíza Dra. Renata Souza Viana, em homenagem ao direito de todos, da presente e futuras gerações, de termos um ambiente ecologicamente equilibrado (CF 1988, art. 225), nessa demanda representado pela proteção efetiva do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça e de seus mananciais, que há várias décadas se encontram tuteladas por lei, mas ainda assim convivem com constantes ameaças e agressões.
SEGUIREMOS NA LUTA COLEITVA EM DEFESA DA SERRA DO ROLA MOÇA, DE SEUS MANANCIAIS E DA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÂO DA RMBH!
Assinam esta Nota Pública:
1 – Movimento Serra Sempre Viva
2 – Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)
3 – Movimento Todos Contra o Rodoanel/RODOMINÉRIO de RMBH
4 – Centro de Documentação Eloy Ferreira (CEDEFES)
5 – Mariana Crioula (Coordenação Estadual das Mulheres Quilombolas do Estado de MG)
6 – Federação Quilombola do estado de Minas Gerais (N’GOLO)
7 – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares – RENAP
8 – Movimento dos Atingidos Por Barragens – MAB
9 – Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas – FIAN Brasil
10 – Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas – CODECEX
11 – Frente Parlamentar em Defesa dos Povos e Comunidades Tradicionais da ALMG
12 – Movimento Salve Santa Luzia
13 – Movimento Negro Unificado de Minas Gerais
14 – Projeto Manuelzão
15 – Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM)
16 – Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
17 – Associação dos Proprietários Rurais do Santuário Serra da Moeda
18 – Fórum Permanente São Francisco
19 – Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté (MACACA)
20 – Movimento Eu Rejeito Barragens Sabará
21 – União das Associações Comunitárias de Congonhas
22 – PLANTAE – A P U Spinel Informação, Ensino, Arte e Cultura LTDA
23 – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
24 – Unidade Popular pelo Socialismo (UP)
25 – Comunidade Tradicional Quilombola Família Araújo, de Betim;
26 – Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Betim, MG – CDDH/Betim;
27 – Coordenação das Ocupações Dom Tomás Balduíno, Monte Sinai, Beco Fagundes, Pingo D’água e Recanto Verde, de Betim/MG
28 – Padre João, DEPUTADO FEDERAL (PT/MG)
29 – Dandara Tonantzin, DEPUTADA FEDERAL (PT/MG)
30 – Célia Xakriabá, DEPUTADA FEDERAL (PT/MG)
31 – Bella Gonçalves,DEPUTADA ESTADUAL (PSOL/MG)
32 – Beatriz Cerqueira, DEPUTADA ESTADUAL (PT/MG)
33 – Leleco Pimentel, DEPUTADO ESTADUAL (PT/MG)
34 – Centro Social Antonieta FAGE
35 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região de Ibirité e Sarzedo
36 – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do estado de Minas Gerais (FETAEMG)
37 – ASPRUS- Associação dos Produtores rurais de Sarzedo
38 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais Mario Campos e Sarzedo
39 – CTB /MG (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Brasil)
40 – CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura)
41 – Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade – AFES
42 – Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia – SIFRAJUPE
43 – Rede Igrejas e Mineração MG
44 – ONG NATUREZA VIVA
45 – Rola Moça Resiste
46 – Mov. Nascentes Imperiais, de Contagem, MG
Obs.: Outros Movimentos, Organizações, Entidades e autoridades que quiserem assinar este Manifesto, favor enviar nome para frei Gilvander, através do e-mail: gilvanderlm@gmail.com
Ibirité, MG, 21 de julho de 2023.
Em sintonia com o Dia Internacional da Agricultura Familiar, celebrado em 25 de julho, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) apresenta ao público a sua Campanha de Solidariedade voltada para a garantia da sustentabilidade da entidade. Dioceses, paróquias e comunidades do campo e da cidade são convidadas a participar do “Dia de doar” para a CPT na semana do dia 25, contribuindo para a manutenção das ações da Pastoral.
Com o lema “Fraternidade sem Fome”, a ação se conecta com a Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que em 2023 pauta o combate à fome e a luta pela garantia da soberania alimentar da população brasileira. De acordo com dados do relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 21 milhões de pessoas não têm o que comer todos os dias em nosso país e 70,3 milhões vivem em situação de insegurança alimentar.
Fundada em junho de 1975, durante o Encontro de Bispos e Prelados da Amazônia da CNBB e realizado em Goiânia (GO), a CPT completa 48 anos de atividade em 2023. De lá para cá, a Pastoral se dedicou integralmente às lutas e demandas políticas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, sendo um suporte para a sua organização de base na luta por direitos. “O homem e a mulher do campo são os que definem os rumos a seguir, seus objetivos e metas. Eles e elas são os protagonistas de sua própria história. A CPT os acompanha, não cegamente, mas com espírito crítico”, afirma o texto da missão da entidade.
Dom José Ionilton, bispo da prelazia de Itacoatiara (AM) e presidente da CPT, lembra que a Pastoral surgiu como resposta à realidade de posseiros e trabalhadores que eram escravizados na Amazônia. De acordo com o bispo, ainda hoje muitas destas comunidades contam com a ação solidária de organizações e pastorais como a CPT para sobreviver e garantir a permanência em seus territórios tradicionais de vida e de direito.
“Diante da violência e da vulnerabilidade enfrentada por essas comunidades, a missão da Igreja é estar vigilante e servir a esses povos servindo o evangelho de Jesus”, enfatiza Dom Ionilton. “Para que a CPT cumpra essa missão os desafios são muitos e também econômicos. Para manter acesa a chama de nosso serviço pastoral, no dia do agricultor e da agricultora, decidimos promover uma campanha de solidariedade, para você poder ajudar a quem trabalha na terra, a quem protege o meio ambiente”, convoca o presidente da Pastoral.
Participe
Na semana do dia 25 de julho, que marca a celebração internacional da Agricultura Familiar, os núcleos regionais da Pastoral da Terra realizarão celebrações para fazer memória da história e da missão da CPT. Durante a semana de celebrações, o público participante poderá fazer doações espontâneas para a entidade. Cada comunidade, paróquia ou grupo reunido receberá orientações de como realizar suas doações por meio de agentes da Pastoral da Terra em sua região.
As doações, entretanto, podem ser feitas a qualquer momento pelo site da CPT. Caso você tenha interesse em contribuir com a missão da Pastoral, acesse a página da campanha de solidariedade e faça sua doação por meio de depósito bancário, pix ou via plataforma paypal.
Dados bancários para depósito:
Caixa Econômica Federal
Agência 4520
Conta 386-0
CNPJ 02.375.913/0001-18
IBAN BR95 0036 0305 0452 0000 0003 860C 1
SWIFT CEFXBRSP
PIX: sustentabilidade@cptnacional.org.br
Com informações do Comitê Dom Tomás Balduíno e da CPT Nacional
Foto: Júlia Barbosa | CPT Nacional
Após reocupar a Fazenda São Lukas na manhã de hoje, 24/07, desapropriada pelo Governo Federal por estar ligada à exploração sexual de mulheres, as 600 famílias do MST começaram a ter seus direitos básicos à água e alimentação negados pelo Estado.
Segundo relatos das famílias, o fornecimento de água foi cortado pela Prefeitura de Hidrolândia e o governo de Goiás, por meio da Polícia Militar, estabeleceu um cerco para dificultar a entrega de alimentos na ocupação. A PM atua ainda dificultando o trabalho da imprensa, impedindo a entrada de repórteres na área. A Ouvidora Geral Externa da Defensoria Pública de Goiás, Angela Cristina Ferreira, está a caminho da Fazenda São Lukas para apurar essas denúncias de violações de direitos humanos.
É importante salientar que trata-se de uma área federal, portanto fora da esfera de atuação tanto da Prefeitura de Hidrolândia como do Governo de Goiás. O termo de transferência de domínio do imóvel rural foi feito pela União, representada pela Superintendência do Patrimônio da União em Goiás (SPU-GO) para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), representado pela Superintendência Regional do Incra em Goiás, e assinado no dia 23 de junho de 2023 pelos respectivos superintendentes Uzias Ferreira Adorno Júnior e Elias DÁngelo Borges. O processo de destinação está registrado sob o número 19739.115153/2023- 59.
A ocupação dessa propriedade é simbólica para o conjunto das mulheres sem terra, pois tratase de uma área em que dezenas de mulheres, entre elas muitas adolescentes, foram vítimas de violência, aprisionadas e posteriormente traficadas para a Suíça, onde eram submetidas à exploração sexual. O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade.
As negociações continuam para garantir que a área seja destinada para a reforma agrária. Após reunir-se com prefeito de Hidrolândia, José Délio, o superintendente do Incra, Elias D’Ángelo, participa de uma reunião com advogados do MST, Ouvidoria Agrária Nacional, Ouvidoria Geral Externa da Defensoria Pública de Goiás, CPT Goiás, MST e o deputado estadua Mauro Rubem.
Por CPT Nordeste 2
Na próxima terça-feira (25), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Paraíba realizará o lançamento estadual da publicação “Conflitos no Campo Brasil 2022”. A atividade acontecerá às 14h, no Theatro Santa Roza, no centro histórico de João Pessoa. Na ocasião, serão apresentados e analisados os dados da violência no campo e dos conflitos agrários que ocorreram no estado em 2022.
De acordo com o levantamento feito pela CPT, em 2022, o estado teve 19 conflitos no campo, envolvendo 15.616 pessoas. A quantidade de conflitos teve um aumento de 26,66% em relação ao ano anterior, que registrou 15 ocorrências. Ainda segundo o levantamento, aconteceram duas ameaças de morte a camponeses na Paraíba.
O evento é uma realização da CPT em João Pessoa, juntamente com a Comissão Estadual de Acompanhamento aos Conflitos Agrário, Urbano e Rural, o Programa de
Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da Paraíba e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano da Paraíba.
A entrada da atividade é gratuita e toda sociedade está convidada a participar do debate sobre os desafios enfrentados pelos povos do campo, das águas e das florestas.
Conflitos no Campo Brasil 2022 – Esta é a 37ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, elaborada pela CPT por meio do seu Centro de Documentação Dom
Tomás Balduino. Editada pela primeira em 1985, a publicação se tornou referência nacional e internacional e instrumento fundamental de denúncia das violências
cometidas cotidianamente contra os povos do campo, das águas e das florestas no Brasil.
Na publicação, é possível encontrar dados sobre conflitos por terra, conflitos pela água, conflitos trabalhistas, trabalho escravo, tipos de violências contra a ocupação e a posse e tipos de violência contra a pessoa, como os assassinatos e as ameaças de morte. Também estão disponíveis na publicação diversos artigos e análises dos dados levantados.
As famílias residem na Gleba Carlos Pelissioli, área pública estadual, na zona rural de Santa Terezinha (MT), desde 2008. Após anos de luta, elas contribuem fortemente para a economia local, com a produção de alimentos e de mais de 16 mil litros de leite mensalmente.
Por CPT Mato Grosso
Na terça-feira, dia 25 de julho, às 09 horas (horário local), o Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH) do Mato Grosso apresenta, durante coletiva de imprensa, no auditório da Escola Superior de Advocacia (ESA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Cuiabá (MT), uma recomendação ao Governo do Estado do Mato Grosso para a realização de uma Ação Discriminatória/Arrecadação da área da ‘Gleba Pelissioli’, localizada no município de Santa Terezinha (MT), para que seja destinada à Política Pública de Reforma Agrária e a regularização da ocupação das mais de 100 famílias que vivem no local desde 2008.
Participam da coletiva lideranças da Gleba Carlos Pelissioli; Inácio Werner, presidente do CEDH; Renan Sotto Mayor, defensor público federal e vice-presidente do CEDH; Fábio Barbosa, da Defensoria Pública Estadual (DPE); Welligton Douglas, da coordenação da CPT Regional Mato Grosso; e integrante da Pastoral na região do Araguaia.
Situação jurídica
A recomendação do Conselho Estadual de Direitos Humanos foi produzida após uma série de manifestações de órgãos públicos, organizações sociais e da própria comunidade rural.
A DPE, em ofício de junho de 2022, informa que “os ocupantes da referida Gleba, além de serem vocacionados para a agricultura familiar, ainda encontram-se em singular Estado de Vulnerabilidade.” No documento, a Defensoria solicita ao CEDH “providências junto ao Governo do Mato Grosso para situar a terra em áreas devolutas, por tanto, pertencentes ao Estado de Mato Grosso.”
Em 16 de setembro de 2022, o CEDH enviou ao governador Mauro Mendes (União Brasil) um ofício com informações sobre a área recebidas pela Associação de Pequenos Produtores Rurais de Santa Terezinha e da DPE, e com a solicitação urgente de uma reunião, sem nenhuma resposta até o momento.
Conforme relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Mato Grosso, a Gleba Pelissioli está situada em uma terra pública devoluta pertencente ao Estado de Mato Grosso, o que é corroborado por várias pareceres e laudos técnicos, como do Instituto de Terras de Mato Grosso (INTERMAT) e do Ministério Público Federal (MPF), além de perícia judicial atestando que a área é pública.
Economia local
O extenso relatório da Pastoral da Terra mostra, por meio de depoimentos e imagens, que as famílias da Gleba Pelissioli têm suas moradias consolidadas, com casas de alvenaria e madeira, e que elas retiram seu sustento da terra.
As mais de 100 famílias vivem na área desde 2008, e sua base econômica é a agricultura familiar, da qual produzem mandioca, farinha, rapadura, além da criação de gado de corte, peixes, ovelhas, porcos e granja de frangos para a subsistência e comercialização no município. A bacia leiteira da Gleba Pelissioli tem produção mensal de cerca de 16 mil litros de leite.
Na Gleba há ainda uma vila com comércios e igrejas, e o município de Santa Terezinha tem prestado assistência à comunidade no âmbito de políticas públicas de saúde, educação e infraestrutura, como a conservação das estradas. As famílias possuem energia elétrica instalada e internet.
> Confira aqui o relatório da CPT e acesse imagens da comunidade
SERVIÇO
Coletiva de imprensa para apresentação de recomendação ao governador Mauro Mendes para a regularização fundiária da Gleba Pelissioli, situada na região de Santa Terezinha (MT).
Local: auditório da Escola Superior de Advocacia (ESA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Cuiabá (MT), na terça-feira, dia 25 de julho, às 09 horas (horário local).
Mais informações: Inácio Werner: (65) 99664-2331 | assessoria de comunicação: Elvis Marques (62) 991138277
Por Comunicação CPT Juazeiro/BA
Foto: CPT Juazeiro/BA
Cerca de 100 jovens de comunidades localizadas na Borda do Lago de Sobradinho em Sento Sé participaram da 1ª Etapa da Escola de Formação da Juventude Rural, realizada no último domingo (16). Organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Juazeiro com o apoio da Comissão Todos pela Vida, o encontro aconteceu no Colégio Dom Pedro I, na comunidade Aldeia, e teve como tema “Identidade e Cultura”.
A 1ª Etapa da Escola de Formação contou com a facilitação dos arte-educadores Fernanda Luz e Leonardo Andrade e do assessor das Pastorais Sociais da Diocese de Juazeiro Roberto Malvezzi (Gogó).
Através de uma performance teatral e do trabalho de expressões corporais, Fernanda e Leonardo provocaram a juventude ribeirinha a refletir sobre as suas identidades e ancestralidades. Em uma oficina, os jovens foram estimulados a serem os contadores de suas próprias histórias. A partir disso, eles/as apresentaram elementos que fazem parte da história e do jeito de viver de suas comunidades, a exemplo do rio São Francisco, das rodas de São Gonçalo, das tradições comunitárias e crenças populares.
Já Roberto Malvezzi abordou as diferenças entre as culturais locais, as que fazem parte da identidade das comunidades, e a cultura de massa, mediada pelos meios de comunicação. Gogó destacou que a nossa sociedade não consegue mais viver sem as influências das indústrias culturais e das novas tecnologias (ex: redes sociais, inteligência artificial), no entanto, o assessor ressaltou que “a melhor forma de perceber o que pode nos controlar e dominar, é reconhecermos o que é a nossa cultura, a nossa identidade”.
A jovem da comunidade Andorinhas Ângela Rodrigues avaliou esse primeiro encontro da Escola de Formação de forma muito positiva. “A nossa identidade e nossa cultura está presente naquilo que herdamos e aprendemos com nossos pais, avós, bisavós. Nossa cultura está no jeito de vestir, falar, cozinhar, de cantar, dançar… é muito importante a gente saber reconhecer e valorizar nossa cultura independente do lugar que estivermos”, comentou Ângela. O jovem da comunidade Aldeia Ruan Alves já está ansioso para o próximo encontro. “Essa primeira etapa foi muito boa, reuniu os jovens de várias comunidades, que no próximo a gente possa estar lá de volta”, disse Ruan.
O próximo encontro da Escola de Formação da Juventude Rural acontecerá no mês de agosto e terá como temática Comunicação.
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