Em 22 de junho de 2015 a CPT iniciou o ano de comemoração de seus 40 anos de fundação, naquele encontro de pastoral da Amazônia, realizado em Goiânia, quando ela foi criada para estar a serviço dos povos do campo, das águas e das florestas, de maneira solidária e profética. E deu certo!
O 4º Congresso da CPT, realizado em Porto Velho/RO, de 12 a 17 de julho de 2015, celebrou a Memória, Rebeldia e Esperança dos pobres da terra e a história da CPT nestes 40 anos, bradando em alta voz: Faz escuro, mas eu canto! Este é um momento forte de celebração, de avaliação da caminhada e de planejamento para os próximos anos, a partir dos enormes desafios que estão a nossa frente. A data é simbólica. São 40 anos de longa história e nos remete à simbologia dos 40 anos do êxodo do povo hebreu saído da casa da escravidão egípcia (cf. Ex 14). Eram hapirus, camponeses marginalizados que, em algum momento da história, se rebelaram contra a opressão e fizeram seu êxodo em busca da terra da libertação. 40 anos revela um tempo longo e difícil. Assim como não foi fácil para o povo hebreu e outros povos que fizeram seus êxodos, também não o foi para a CPT, mas são 40 anos de muita resistência e muito aprendizado. O êxodo continua até hoje e, por isso mesmo, a CPT existe e quer continuar existindo, para assumir junto com as pessoas empobrecidas a luta pela vida.
Na fala do Papa Francisco, no seu discurso aos movimentos populares no Vaticano em 28 de outubro de 2014, nos sentimos fortalecidos e motivados a continuar sendo CPT: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”. A luta por direitos, no campo ou na cidade, é necessária, justa e evangélica, pois segue os passos e as inspirações de Jesus de Nazaré. Um dos desafios cada vez mais urgentes é a sustentabilidade da CPT, entendida de forma integral, ou seja, sustentabilidade humana, pastoral, política e financeira.
Para responder a esse desafio, a CPT decidiu lançar em 2016 a Campanha dos 40 anos, com os seguintes objetivos: 1) Dar visibilidade às causas que a CPT acompanha e sensibilizar as pessoas para o apoio às comunidades que lutam por seus direitos no campo; 2) Fortalecer a identidade pastoral; 3) Deixar claro qual a missão da CPT para a sociedade, às Igrejas, organizações parceiras e agentes da pastoral, a fim de ampliar as contribuições financeiras, para que a CPT possa continuar desenvolvendo sua missão. São várias organizações, como a CPT, que atuam no campo, assumem as lutas de comunidades vulnerabilizadas e que tem cada vez mais dificuldades de sustentar-se financeiramente. As necessidades são cada vez maiores para manter a estrutura necessária que dê suporte ao trabalho de base. A cooperação internacional já contribuiu muito, mas amplia seu apoio para outras regiões do mundo, diminuindo o apoio às organizações do Brasil, por diversas razões. Dessa maneira, está posto o desafio de mobilizar recursos localmente.
A CPT entende que, por sua própria missão, não deve acessar qualquer recurso, sem uma séria avaliação das fontes e de quais consequências cada recurso poderá trazer para a coerência e missão da Pastoral. Contudo, estamos apostando na mobilização de recursos através de pessoas físicas e de entidades parceiras que acreditam e apoiam a missão da CPT, se solidarizam com os povos do campo e, do pouco que têm, se dispõem a contribuir. São 40 anos de história. Mas não é simplesmente pelos 40 anos que decidimos realizar uma Campanha de mobilização de recursos, mas pela necessidade urgente que temos para continuar sendo presença solidária, fraterna, afetiva, ecumênica junto ao povo. A força, a resistência, a luta, a esperança que marcam a vida dos nossos povos não nos deixam desistir de lutar por justiça e mais vida no campo, e nos levam a buscar os instrumentos possíveis para continuar garantindo essa presença de forma mais sólida.
A CPT, em todos os cantos do Brasil onde está presente, nunca deixou de realizar sua missão por falta de recursos financeiros. Sabemos do empenho de tantos agentes, homens e mulheres, no esforço de visitar comunidades, fazer mobilização, construir articulações, estar presente nos momentos mais difíceis da vida do povo, mas também nos momentos de alegria, de celebração, não raro utilizando de seus poucos recursos próprios para garantir despesas de atividades e em situações de risco, inclusive para a própria vida. Isso revela um sentimento de compromisso forte com a missão que assume. No entanto, sabemos que quando os recursos financeiros diminuem ou acabam, fica mais difícil manter uma presença ativa. A história da CPT é feita de pessoas, de muitos rostos que passaram pela Pastoral durante estes 40 anos. Muitas comunidades foram acompanhadas. Várias ações foram se consolidando ao longo dos anos, como a produção do Conflitos no Campo Brasil, que há mais de 30 anos vem sendo um instrumento valioso de registro dos conflitos no campo e denúncia, utilizado por comunidades, pastorais, movimentos sociais, pesquisadores. Somos agradecidos por todo o reconhecimento que a CPT tem da parte de vá- rios setores da sociedade e de pessoas.
Esperamos contar, portanto, nesta Campanha, com todas as pessoas que acreditam na CPT e desejam que ela continue prestando esse serviço educativo e transformador. Cada pessoa pode contribuir financeiramente, mas também sendo um agente voluntário da Campanha, animando onde vive, no trabalho, divulgando nas redes sociais, informando a parentes e amigos e de outras maneiras oportunas e possíveis. A Campanha será lançada no dia 1 de junho de 2016, durante o Encontro dos Movimentos Populares Brasileiros em Diálogo com o Papa, em Mariana (MG), e queremos intensificá-la durante os meses de junho e julho de 2016, com várias atividades em nível nacional e nos regionais. Serão indicadas diversas maneiras de contribuir com a Campanha, seja de forma financeira espontânea ou continuada, seja como agente multiplicador da Campanha. Nas mídias sociais da CPT ou com os vários agentes nos regionais será possível obter informações, adquirir material, colocar-se à disposição para contribuir nas diversas atividades. Contamos com você. As comunidades camponesas, povos e comunidades tradicionais contam com o seu apoio, a sua solidariedade. Uma boa Campanha a todos nós!