COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Convocada pela memória do Evangelho da vida e da esperança, ouvindo o clamor que vem dos campos e florestas, seguindo a prática de Jesus, a CPT realizou a 14ª Romaria da Terra e das Águas do Estado de São Paulo, que aconteceu dia 26 de agosto no Assentamento Horto Aymorés (Gleba 1), em Bauru (SP).

 

Somos o povo eleito para reforçar a grande marcha em defesa da nossa “Terra e das nossas Águas, que são dons de Deus e direito de todos e todas”. É momento de juntos, campo e cidade, estarmos em romaria por “Direito, Dignidade e Vida, em busca da sociedade do Bem Viver”.

 

A Romaria da Terra e das Águas é mais um momento de nossa caminhada na construção do Reino de Deus, em busca da tão sonhada Civilização do Amor. Por isso gritamos: presente na caminhada.

 

Juntos, os camponeses gritaram as dores da Mãe Terra e de todo nosso povo agricultor familiar que luta sob sol e chuva pela vida e liberdade no campo, que luta pelo direito de cuidar da terra e de fazer que ela dê frutos para nosso sustento, frutos limpos e conscientes, que respeitem nosso ecossistema e saúde.


O ASSENTAMENTO

 

O Assentamento Horto Aymorés, que recebeu a 14ª Romaria Estadual da Terra e das Águas, concentra hoje 373 famílias. A luta pela conquista da terra de nossos irmãos não foi fácil e ainda não terminou.

 

Em novembro de 1999 as primeiras famílias montavam acampamento no então Horto Florestal de Aymorés. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) descobriu que a propriedade de 11 mil hectares era do governo Federal, mas que estava arrendada ilegalmente e “simbolicamente” pelo Estado a R$ 0,07 ao ano a um latifundiário da cidade.

 

O governo Federal cedeu a terra em comodato para a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) plantar eucaliptos para a produção de dormentes para a linha férrea. A RFFSA encerrou as atividades e o Estado “arrendou” indevidamente a terra para o latifundiário usufruir com sua empresa de celulose e papel.

 

Foram oito anos de luta até conseguirem na Justiça a retomada da terra grilada e iniciarem o processo de reforma agrária. Só em 2007 começaram a receber os lotes. A fazenda compreendida pelo Horto Florestal foi dividida nas glebas 1 e 2, cortadas pelo Rio Bauru. Rio este que é vítima de triste poluição.

 

DENUNCIAMOS

 

Não é por acaso que a Romaria deste ano aconteceu no Assentamento Horto Aymorés, carente de fomentos. Muitos acham que com a conquista da terra tudo melhora, mas 20% das famílias sofrem com a falta de água desde quando entraram na terra. Muitos ainda dependem da chuva para manter suas plantações, criações e casa.

 

Não bastando a falta de água, as duas Glebas do assentamento sofrem com a omissão do Poder Público, dos políticos por quem deveriam ser atendidas. Uma ponte, apenas uma ponte transpondo o Rio Bauru uniria as famílias, parentes e daria acesso rápido e seguro às Políticas Públicas oferecidas na cidade. Os recursos vieram, voltaram pra União e nada de obras.

 

E se o povo do campo tem o acesso dificultado à cidade, o lixo da cidade tem vindo até o campo poluindo as reservas florestais, leitos e estradas. São essas dores, omissões, desrespeitos, injustiças e desigualdades que denunciamos e celebramos nesta Romaria.

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