No último dia 13 de janeiro, a comunidade formada por 33 famílias de posseiros que vivem na Fazenda Salgadinho, município de Mogeiro/PB se reuniram em mutirão para preparar a terra para o plantio como de costume. Entretanto, ao iniciar os trabalhos, por volta das 9h, os agricultores foram surpreendidos por quatro capangas armados de espingardas de calibre 12, e revolver calibre 38.
Os trabalhadores feridos foram: José Roberto da Costa, 29 anos, atingido na mão; João Marcos de Oliveira, 40 anos, também atingido na mão; Cícero Inaldo Dias da silva, 34 anos, atingido na perna e no pé; Luiz Dias da silva, 24 anos, atingindo no peito e no braço; Josinaldo Dias da Silva, 37 anos, atingido na língua e no queixo.
A denúncia do crime foi feita no 27º Comando de Polícia da Paraíba, em Itabaiana, há 18 km de Mogeiro, local do conflito. Viaturas da polícia, o GATE e o Choque fizeram as buscas no local e conseguiram prender os quatro capangas, além do Proprietário da fazenda. Todos foram autuados em flagrante e vão responder por porte ilegal de armas, tentativa de assassinato, disparos em vias públicas, formação de quadrilhas e bando.
Parentes dos capangas compareceram ao Comando da Polícia, onde as famílias foram prestar depoimento, e informaram que eles tinham sido contratados pelo Dr. Sérgio de Sousa Azevedo, Policial civil e conhecido por perseguir trabalhadores e trabalhadoras em luta pela terra na região do Agreste do Estado. Os trabalhadores atingidos pelos tiros foram atendidos no Hospital Regional de Itabaiana. Todos passam bem e já retornaram para suas casas.
Histórico da Comunidade de Posseiros da Fazenda Salgadinho
A Fazenda possui uma área de 200 hectares e pertence à Maria Luiza, Vice prefeita de Mogeiro, e de seu esposo, conhecido como César. No local vivem há mais de 50 anos, 33 famílias de posseiros. Entretanto, foi há 5 anos que a proprietária passou a ameaçar de expulsão as famílias.
A proprietária já conseguiu vender uma grande parte do imóvel, com o objetivo de diminuir o tamanho das terras e assim inviabilizar a desapropriação para fins de Reforma Agrária. A comunidade vem buscando junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) uma saída para desapropriar a área. O órgão já encaminhou ofício ao Governo do Estado, solicitando sua participação para desapropriar a área, a partir de recursos do Governo Federal.
Durante todo o ano de 2011, a comunidade sofreu várias ameaças por parte da proprietária, tais como: destruição de lavouras e a queima da casa de uma das famílias posseiras. De lá até agora, foram realizadas diversas audiências na Delegacia de Polícia do município. De acordo com as famílias posseiras, o povo resistirá para permanecer na terra e continuará com o trabalho e a produção de alimentos.