Confira artigo de Roberto Malvezzi, o Gogó, sobre as decisões dos grandes projetos no Brasil. A quem competem?

Roberto Malvezzi (Gogó)  

Existe uma caixa-preta, comandada por uma espécie de máfia secreta, que efetivamente decide os rumos do país. Ela age em nome do “Estado”, sem que saibamos sequer exatamente quem é.

Sabemos apenas que é um núcleo de decisores que aglutina os chefes do Executivo,  a associação empresarial nacional-transnacional e militares. As corporações técnicas apenas servem como intelectuais e operadores orgânicos do grupo decisor.

Quando realizamos eleições, decidimos apenas quem vai compor parte do grupo, no caso, a presidência da República. De resto, nosso voto decide apenas questões periféricas, subalternas, que em nada altera a essência do rumo do país. Daí o papel ridículo ao qual foi relegada a classe política nacional.

Assim, o conjunto de infra-estrutura a ser implantado no Brasil e na América Latina, sob o codinome de IIRSA (Iniciativa de Integração de infra-estrutura Regional Sul Americana), já está decidido. O PAC, já disseram isto antes de mim, é apenas o IIRSA brasileiro.

Quem decidiu a Transposição, que segundo um tenente do Exército nos afirmou em Petrolândia esses dias, só terminará em 2025? Isso mesmo, além dos eixos Leste e Oeste semi paralisados, haverá um para a Bahia, outro para o Piauí e o que sairá do Tocantins em direção ao São Francisco ou diretamente ao Pecém, no Ceará.

Quem decidiu Belo Monte, Jirau, Santo Antônio? Esse ente metafísico que se chama Estado. Ele está acima de todos, acima de qualquer suspeita, além das eleições, além da vontade do povo brasileiro. Ele sabe e decide o que é bom para o país.

Fala em nome da geopolítica – defender os interesses nacionais – e da geoeconomia, isto é, criar a infra-estrutura para escoar a produção latinoamericana (brasileira), a riqueza natural, mas também para escoar os produtos dos Estados Unidos e Europa, agora China, para dentro do território latino-americano. Estradas, portos, aeroportos, ferrovias, etc., tudo em nome da integração, ainda que seja apenas a integração do capital.  A energia para sustentar essa economia de rapina é astronômica.

O Brasil continua sem tecnologia, sem educação de nível, sem saneamento, mas quer ser a 5ª economia exportando produtos básicos. Basta olhar nossa pauta de exportação, cada vez mais dependente do agronegócio e mineradoras.

Como vemos, decidem por nós, comuns mortais, que temos que comer o pó da poeira, dizimar a natureza, varrer os índios e ainda agradecer por sermos dirigidos pelos deuses do Olimpo.

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