Em memória ao cinquentenário da morte do líder das Ligas Camponesas na Paraíba, João Pedro Teixeira, uma vasta programação foi realizada na cidade de Santa Rita (12,7 km da capital João Pessoa), durante todo o dia 02 de abril, data da morte do líder e mártir da Reforma Agrária. A casa onde o líder viveu com a esposa, Elizabeth Teixeira, e seus 11 filhos foi transformada em sede do Memorial das Ligas Camponesas, uma Organização Não Governamental (ONG) fundada em 2008 por camponeses assentados da Reforma Agrária, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

 

Ato Público

Após visitação ao túmulo de João Pedro Teixeira, militantes do Movimento Sem Terra (MST), de Direitos Humanos, professores, estudantes e pessoas da comunidade seguiram em caminhada até a Praça João Pessoa, no centro da cidade, onde ocorreu um ato público com a presença de lideranças comunitárias e personalidades que tiveram papel fundamental na luta contra os latifundiários durante o período de atuação das Ligas Camponesas, a exemplo do arcebispo emérito da Paraíba, D. José Maria Pires, da viúva Elizabeth Teixeira, dos ex-deputados cassados pela ditadura militar, Assis Lemos e Agassis Almeida e o líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.

“Estou muito feliz de poder compartilhar com vocês essa data histórica e de conhecer o berço das Ligas Camponesas. Essa terra de Sapé, que foi regada com sangue dos mártires, mas que dela brotou o exemplo de luta que depois levou à derrota da ditadura militar e ao ressurgimento das lutas sociais no nosso Brasil. Como gaúcho, quero cumprimentar ao senhor (governador) e ao povo paraibano pela coragem que tiveram em desapropriar e construir nesse local um memorial, que não é apenas ao João Pedro e às Ligas, é um memorial em que o Estado brasileiro, de joelhos, pede desculpas ao povo brasileiro”, disse João Pedro Stédile.


Memorial

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, em gesto simbólico, entregou a chave da casa desapropriada para a efetivação do  Memorial das Liga s à Elizabeth  Teixeira, que havia deixado sua morada e nunca mais voltado após a morte de seu marido João Pedro Teixeira. (Foto: José Marques/Divulgação)

O arcebispo D. José Maria Pires abençoou e benzeu a sede com água benta. O religioso falou da alegria de ver como as pessoas que lutaram e que deram até a vida pela causa do povo estão sendo lembradas e servindo de exemplo para a continuação da luta.

“Como Deus quer que a gente faça memória? A eucaristia é uma memória viva, de alguém que deu a vida por nós. Então, se Ele deu a vida por nós e deixou a memória viva Ele mesmo para mostrar como nós temos que olhar essas memórias como essas daqui e ver o que elas trazem para nós. Nós não podemos viver hoje como viveu João Pedro Teixeira, porque foi outro tempo, outra condição. Mas como nós podemos viver hoje o ideal que ele teve, de o agricultor poder ter sua casa, ter sua tranqüilidade, ter sua família? Então, isso é permanente; agora, a maneira e os tempos é que são diferentes”, pregou D. José, que em muito contribuiu para a resolução de conflitos entre agricultores e latifundiários no período da regime militar na região.


(Foto: Maria José Béchade)


Por Maria José Béchade
Especial para Caros Amigos
 

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