COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Documento extrajudicial destaca repercussão do assunto e pede que instituições financeiras afastem-se do financiamento da obra. O objetivo da notificação é alertá-los sobre os riscos financeiros, além de salientar os prejuízos à imagem das empresas em razão da repercussão negativa.

 


 

(Foto: Xingu Para Sempre)

São Paulo – Para tentar evitar que bancos entrem no financiamento da usina hidrelétrica de Belo Monte, 150 entidades da sociedade civil assinaram uma notificação extrajudicial que será direcionada a bancos postulantes a participar direta ou indiretamente da construção da usina. O documento tem finalidade de alertá-los sobre os riscos financeiros, além de salientar os prejuízos à imagem das empresas em razão da crescente repercussão negativa.

O documento foi endereçado a cinco empresas estatais – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB) – e a seis privadas – Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC, Santander, Banco Votorantim e BES Investimento do Brasil.

Entre os signatários da notificação, estão o Instituto Socioambiental (ISA), a Prelazia do Xingu, a Justiça Global, o Movimento dos Atingidos por Barragens, a Comissão Pastoral da Terra e o Conselho Indigenista Missionário. De acordo com o jornalista Leonardo Sakamoto, o governo federal tem pressionado vigorosamente as grandes instituições financeiras privadas a participarem da obra.

Polêmicas

Belo Monte é uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, mas sofre resistência de movimentos sociais ligados a indígenas e a organizações ambientalistas.

O governo considera o projeto prioritário por permitir levar desenvolvimento à região. Embora o desenho atual não assegure todo o potencial hidrelétrico disponível, a opção foi empregada para reduzir impactos ambientais. A avaliação é de que o país não pode abrir mão de seu potencial de geração de energia elétrica a partir de uma matriz que não envolve queima de combustíveis (como termelétricas) nem produz resíduo tóxico (como as nucleares).

O caso tem recebido destaque internacional por envolver temas sensíveis, como violações de direitos de populações nativas e irregularidades no processo de licenciamento ambiental da usina, além de incertezas sobre o custo da construção e possível ineficiência do projeto.

Há duas semanas, a falta de consulta a comunidades tradicionais foi motivo de audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), entidade ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA). Apesar de ter convocado o governo federal a se explicar, nenhum representante compareceu, sob alegação de que medidas cautelares estariam sendo estudadas e garantidas.

O Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) acumula 12 ações civis públicas na Justiça pedindo a paralisação das obras. O órgão vê, na usina, uma ameaça à diversidade ambiental da região e à população local, que se será afetada por uma série de alterações em seus modos tradicionais de vida. Contesta-se o fato de as comunidades indígenas envolvidas na questão não terem sido devidamente ouvidas – a Constituição Federal exige a consulta.

Uma dessas ações impetradas pelo MPF-PA já teve seu julgamento iniciado, porém, por dois pedidos de vistas sucessivos. O julgamento, empatado em 1 a 1, foi adiado para quarta-feira (9).

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline