COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

No último dia 27 de agosto, um grupo de 15 trabalhadores rurais foi atacado com disparos de arma de fogo quando se dirigia a uma ocupação de terras da União reivindicada para reforma agrária.  Segundo os trabalhadores, ligados ao Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Iracema-RR, eles reivindicam uma área de concentração fundiária por fazendeiros, dentro do Projeto de Assentamento Ajanari, localizado na região de Campos Novos, pertencente ao município de Iracema, Roraima, e que faz divisa com Mucajaí, um projeto criado pelo INCRA em 2003.

 

No momento do ataque o grupo se dispersou e, inicialmente, suspeitou-se de uma morte e de dois feridos, pois os três companheiros permaneceram desaparecidos, até serem localizados por uma equipe de policiais militares, confirmando que não havia nenhum ferido. Os autores dos disparos seriam os empregados de um dos fazendeiros que ocupam a região.

Numa reunião da Comissão Pastoral da Terra de Roraima (CPT-RR) com dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Iracema, no dia 28 de agosto de 2016, um senhor relatou que, após o atentado, a casa que ele construía no lote, próximo da área do atentado, foi queimada de maneira a intimidá-lo, e que os trabalhadores que resistem na ocupação estão sendo constantemente ameaçados por pistoleiros contratados por fazendeiros que alegam ter posse das terras naquela área. O grupo inclusive mostrou fotos desses pistoleiros, o que comprova seu relato. Os representantes do Sindicato já têm realizado numerosos requerimentos, petições, esclarecimentos, e boletins de ocorrência referentes ao conflito, tentando providências das autoridades para proteção dos trabalhadores.

Conforme relatório do delegado de Polícia Civil, são sete os fazendeiros envolvidos no conflito, todos residem na capital Boa Vista. Uma parte destes fazendeiros afirma que compraram as propriedades de donos anteriores. A outra parte afirma possuir autorização do INCRA para ocupar as propriedades. Todos os contratos de compra e venda teriam sido acordados no mesmo dia (12 de dezembro de 2009).

Os representantes dos sindicatos estavam na capital de Boa Vista visitando diversas repartições (Policia Federal, Ministério Público Federal, INCRA, ITERAIMA) na tentativa de organizar uma Audiência Pública sobre o conflito, pois os trabalhadores rurais continuam sendo ameaçados pelos fazendeiros e a polícia local não intervém, mesmo ciente dos ataques sofridos por estes trabalhadores rurais e suas famílias.

Comissão Pastoral da Terra – Regional Roraima

Boa Vista/RR, 26 de agosto de 2016.

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