COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Na madrugada de ontem, 11 de agosto, pistoleiros atacaram a Aldeia Pataxó do Kaí, na Terra Indígena Comexatiba, no município do Prado, Bahia. Confira a Nota da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí):

 

Os pistoleiros destruíram e queimaram casas e propriedades dos indígenas, inclusive barracas de venda de artesanato e um centro cultural indígena. Vejam abaixo o relato de uma das principais vítimas, Xauã Pataxó:

“Aproximadamente por volta das 00:30 deste dia 11 de agosto de 2015, na Aldeia kaí, aconteceu uma agressão contra uma oca de artesanato do índio pataxó Xawã (Ricardo), filho da pajé e vice-cacique e do cacique da comunidade indígena kaíe, sua mulher Eriane Braz e sua filha àƒdxuara de apenas 2 anos que sobreviviam da venda do artesanato no local. tocaram fogo em toda oca com perda de todo material e artesanato que era avaliado aproximadamente em R$22.000 (vinte-e-dois mil reais), fora outros materiais que foram perdidos da família e o dano mental nas nossas cabeças, dos nossos artesanatos que são sagrados. e também ficava guardado na oca os adereços do grupo de cultura da comunidade, onde tem mais de 50 jovens que participam. Que foi tudo perdido.”

Segundo informação da Funai, o ataque dessa madrugada aconteceu na área da comunidade que é pretendida por uma tal Catarina, dona de um estabelecimento hoteleiro que invade a Terra Indígena.

Como se sabe, a Terra Indígena Comexatiba teve seus limites identificados, delimitados e aprovados pela Funai, conforme Despacho publicado no Diário Oficial da União no dia 27 de julho último.

Os Pataxó e seus aliados entendem que as ações violentas de que têm sido vítimas desde então são represálias criminosas ao reconhecimento oficial do seu direito à Terra que tradicionalmente ocupam, conforme disposto na Constituição Brasileira.

Conforme denúncia dos indígenas já anteriormente divulgada e atestada também pelos servidores locais da Funai, na própria semana de publicação do Despacho, pistoleiros e supostos policiais atacaram a própria escola indígena da comunidade, numa ação que teria sido demandada e comandada pelo servidor do ICMBio Geraldo Pereira, Chefe do Parque Nacional do Descobrimento, que também incide sobre a Terra Indígena; e isso mesmo havendo entre as direções nacionais dos órgãos federais (ICMBio e Funai) o entendimento de que questões de domínio territorial entre esses não devam ser encaminhadas por via judicial, muito menos de modo violento, devendo ser dirimidas pelos estudos técnicos competentes e por mediação da AGU (Advocacia Geral da União).

Ainda segundo os Pataxó, as ameaças e intimidações perpetradas pelos prepostos do ICMBio e supostos policiais têm sido estimuladas, senão patrocinadas, por ricos e poderosos invasores da Terra Indígena Comexatiba.

Os Pataxó desconhecem os agressores da última madrugada, mas entendem que essa e outras agressões e violências contra eles têm, além de intimidá-los, o objetivo de forçar uma sua reação, fazendo com que também ataquem e destruam bens dos invasores, o que asseguram que não farão!

Ao contrário, os Pataxó e seus aliados confiam e apelam à urgentíssima intervenção das autoridades federais competentes – Ministério da Justiça, Funai, Polícia Federal e Procuradoria Geral da República – para que suas vidas e bens – inclusive os públicos e comunitários, como escolas e centros de cultura – sejam devidamente protegidos e recuperados; e para que os responsáveis pelas agressões sejam identificados e exemplarmente punidos.

Nesse momento, a Anaí (Associação Nacional de Ação Indigenista) solidariza-se com o povo Pataxó e junta-se ao seu clamor por Justiça, exigindo das autoridades competentes a imediata proteção e garantia dos direitos indígenas constitucionalmente previstos e assegurados.

Solicitamos enfim, a todos quantos tiverem acesso à presente nota de denúncia, que a divulguem o mais amplamente possível.

Salvador, 12 de agosto de 2015

José Augusto Sampaio
Presidente do Conselho Diretor da Anaí
ANAÍ – Associação Nacional de Ação Indigenista

 

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline