COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Artigo de Irmã Zenilda, presidente da CRb em Belém, lembra o legado de irmã Dorothy para a região, ao se aproximar mais um aniversário de sua morte.

 

 

 

 

Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

Presidente da CRB Regional – Belém, Pará

Aproxima-se a data em que recordamos o 6º ano de martírio de Ir. Dorothy Stang. Recordar é trazer novamente ao coração (re+cordar), é fazer memória viva e afetiva de algo ou de alguém que soube intuir o coração da existência, que soube colocar seu projeto nas estrelas, que penetrou no mistério mais profundo do ser e do fazer.

Nessa caravana de pessoas significativas da história, Ir. Dorothy certamente foi uma madrugadora de novos tempos. Seu olhar rompeu fronteiras e transpôs horizontes perceptíveis somente por pessoas revestidas de uma mística evangélica, própria de grandes profetas.

Em tempos de sedução pelo lucro, de ganância voraz, de demolição do planeta terra, de  ilimitada cobiça pela Amazônia, de consumo insustentável, Ir. Dorothy intuiu a presença divina à ‘brisa do dia’(Gn 3,8) da floresta, apostou no manejo inteligente da riqueza natural, acreditou na harmonia originária da obra do Criador com o ser humano, este como cultivador do jardim criado. Ir. Dorothy mergulhou no mistério de Deus que concede ao ser humano usufruir de todos os frutos do jardim, como nos relata o livro do Genesis, sendo-lhe vedado o acesso à árvore da vida (Gn 2,17), ou seja, é negado ao ser humano o acesso à manipulação da vida.  A vida não pode ser violada, pois é da esfera divina.

Ir. Dorothy compreendeu tal ordem divina de forma muito concreta. A vida das pessoas, das florestas, dos animais, toda a biodiversidade do planeta terra deve ser preservada. Traduzindo em ação concreta, deixou-nos como herança o PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável, projeto este que se tornou referência para quem busca propostas alternativas de vida neste chão. Pela intuição e sonho do projeto, o PDS poderia ser traduzido, não mais como Projeto de Desenvolvimento Sustentável, mas como Plano Divino de Salvação da Amazônia.

Nessa sua sedutora trajetória, Ir. Dorothy deixou-nos uma herança sagrada que sofre constantes ameaças de dilapidação, depredação, destruição. A ordem divina de não aproximação da árvore da vida continua sendo violada. Derruba-se florestas, cobiça-se  terras, destrói-se sonhos.

A herança de Ir. Dorothy necessita de anjos postados as portas do paraíso  (Gn 3,24), para proteger e defender o jardim da voracidade depredadora das serpentes de todos os tempos. Cabe a cada pessoa de boa vontade defender esta sagrada herança.

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