COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Reunidos de 24 a 30 de novembro na Escola de Formação Francisco Morazán Quezada, em Manágua, Nicarágua, cerca de 30 comunicadores e comunicadoras de vários países da América Latina, deram mais um passo rumo a uma comunicação latinoamericana democrática e libertadora. Confira a Carta Final da I Escola Latinoamericana de Comunicação da CLOC - Via Campesina:

 

 

 

Dialogar para mobilizar e transformar: contra o modelo do capital, América Latina luta!

Porque a comunicação é um direito dos povos e não mercadoria, promovemos a palavra e tecemos uma comunicação que construa um sentido de liberdade, soberania e dignidade.

A partir da experiência dessa primeira I Escola Latinoamericana de Comunicação da CLOC-Via Campesina, nós, militantes de várias organizações componentes da CLOC – Via Campesina, bem como convidados e parceiros da mesma, reunidos em Manágua, Nicarágua, terra de Sandino, na Escola de Formação Francisco Morazán Quezada, entre os dias 24 e 30 de novembro deste ano, firmamos como compromissos enquanto coletivo de comunicação latinoamericano :

- A importância da criação e estruturação das equipes que fazem parte do coletivo de comunicação da CLOC-Via Campesina e de sua legitimação no marco de seu V Congresso, realizado em outubro de 2010, em Quito, Equador, através da Declaração de sua Mesa de Comunicação.

- Essa equipe, que tem caráter orgânico, se respalda no processo de debates do V Congresso da CLOC-Via Campesina, em que a comunicação foi assumida como ferramenta estratégica na luta contra o capital e contra o imperialismo. Da mesma forma que não queremos que nossas riquezas naturais e que a vida sejam transformadas em mercadorias, não queremos que a comunicação também o seja. Queremos, sim, que ela seja um processo claro de resistência à dominação. Com isso, reafirmamos a comunicação como promotora da coletividade de nossas lutas, dentro de uma perspectiva de concretização da consígnia de nosso V Congresso: Globalizemos a luta, globalizemos a esperança!

-  Dentro dessa perspectiva, reafirmamos o enfrentamento ao modelo imperialista e mercantilista da comunicação, e defendemos uma comunicação genuinamente popular, alternativa, conscietizadora e libertadora.

- Deixamos clara nossa visão anti-imperialista e a valorização de um modelo de vida embasado nos saberes dos povos originários, dos lutadores e lutadoras históricos e dos povos afros, através da preservação e convivência harmônica com os recursos naturais e o respeito à Pachamama.

- Reafirmamos, também, a importância dos meios de comunicação criados, retomados e mantidos por esse coletivo de comunicação da CLOC-Via Campesina, e nos comprometemos a fortalecê-los a partir dessa I Escola de Comunicação e das agendas firmadas coletivamente em seu processo.

- Nossa comunicação, enquanto CLOC-Via Campesina, tem o objetivo não somente de difundir nossos momentos de luta, mas de projetar e promover outros valores, outros modelos e outro sistema social, desde uma perspectiva socialista defendida pela CLOC-Via Campesina. Sendo assim, destacamos a importância das experiências de nossos povos originários, bem como sua cultura, sua língua e sua história de resistência, e as recuperamos para a construção de um outro modelo de sociedade. Da mesma forma, nos comprometemos em promover o contato entre essas culturas ancestrais e os novos saberes, dentro de uma perspectiva de apropriação em respeito aos seus conceitos históricos e culturais.

- Valorizamos as mais diversas alianças construídas enquanto CLOC – Via Campesina, para o desenvolvimento da comunicação em nossa América Latina, e que aqui nesse processo de formação estavam presentes, como a Rádio Mundo Real, do Uruguai, o Tejido de Comunicación, da Colômbia e o jornal Brasil de Fato, do Brasil.

- Desenvolvemos e defendemos uma comunicação embasada na construção ideológica e popular, em detrimento de uma comunicação somente tecnicista e à serviço do capital.

- Aproveitamos para agradecer a importância e a recepção da Escola Francisco Quezada, nessa primeira experiência de formação.

- Nós, militantes vindos e vindas da República Dominicana, México, Paraguai, Venezuela, Brasil, Estados Unidos, Equador, Chile, Panamá, Guatemala, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Cuba, Colômbia, Suécia, Bolívia e Uruguai, reafirmamos a importância desse primeiro momento de formação continental em comunicação, e a necessidade de mantê-lo como um processo permanente de formação para a CLOC-Via Campesina.

Em nossos países está vigente um monopólio empresarial da mídia, que se distancia muito da garantia do direito à informação e se converte em uma ditadura do pensamento que, não poucas vezes, aprofunda o esquema de opressão e repressão, tanto física como cultural e simbólica, das grandes maiorias dos nossos povos. E é por isso que são essenciais os esforços que possamos fazer no âmbito da comunicação alternativa e popular, com o objetivo de fazer um enfrentamento à lógica do sistema capitalista, mantido, entre outras maneiras, através de seus meios massivos de comunicação.

- Repudiamos toda e qualquer tentativa de criminalização, por parte dos meios de comunicação, das lutas e dos lutadores e lutadoras de nossa América Latina.

- Nestas jornadas de encontro, formação e inspiração, compartilhamos um sentimento geral do movimento campesino internacional pela inestimável perda do companheiro Egidio Brunetto, do MST, cujo exemplo continuará em nossa memória e em nossos corações, como herança para as futuras comunicadoras e comunicadores que, como todos e todas nós, assumem a luta para suas vidas.

Pela terra e soberania de nosso povos, América luta!

Manágua, 30 de novembro de 2011.

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