COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Em meio a uma atmosfera de tensão com os povos indígenas, o governo de Alan García ordenou a expulsão do país de um sacerdote britânico defensor dos direitos indígenas e do meio ambiente.O sacerdote Paul McAuley, de 65 anos, que vive no Peru há 20 anos e trabalha na Amazônia há 10 anos, foi um constante crítico das operações petroleiras que contaminam a selva amazônica e respaldou as reclamações indígenas contra o governo e as transnacionais em defesa de seus territórios.

 


Em meio a uma atmosfera de tensão com os povos indígenas, o governo de Alan García ordenou a expulsão do país de um sacerdote britânico defensor dos direitos indígenas e do meio ambiente. Uma decisão que reforça a imagem autoritária de um governo que, com frequência, apelou à repressão violenta contra os protestos sociais.

O sacerdote Paul McAuley, de 65 anos, que vive no Peru há 20 anos e que trabalha na Amazônia há 10 anos, foi um constante crítico das operações petroleiras que contaminam a selva amazônica e respaldou as reclamações indígenas contra o governo e as transnacionais em defesa de seus territórios.

O primeiro-ministro, Javier Velásquez Quesquén, acusou o sacerdote britânico de agitador e o atacou duramente por questionar as políticas governamentais. "Não podemos permitir que um estrangeiro vá contra o modelo de desenvolvimento. Nós defendemos os investimentos", indicou Velásquez, em referência às críticas de McAuley às transnacionais que exploram recursos naturais nos territórios indígenas.

Em Iquitos, capital da região de Loreto e principal cidade da Amazônia peruana, o sacerdote britânico, que preside a Rede Ambiental Loretana, rejeitou as acusações do governo. "Essa decisão do governo chegou como uma surpresa. Não entendo a razão. Eu não animei ninguém à violência. O que fazemos é exigir que a lei seja aplicada. Isso é um crime? E trabalhamos pela defesa dos direitos indígenas e do meio ambiente, segundo o ensinamento social da Igreja Católica. Apelamos contra essa decisão, que é um abuso", indicou McAuley.

Nesta quarta-feira, horas antes de terminar o prazo para que o religioso abandonasse o país, um tribunal de Iquitos declarou fundada uma medida cautelar contra a ordem de expulsão, suspendendo temporalmente essa medida. "Agora vem o processo para anular a ordem de expulsão. Isso pode levar de um mês a seis meses ou mais", disse Rita Ruck, advogada de McAuley.

A decisão do governo de expulsar McAuley do país despertou uma ampla rejeição entre as comunidades indígenas, grupos ambientalistas e de direitos humanos, órgãos internacionais como a Anistia Internacional, intelectuais e organizações sociais e sindicais. No entanto, na mais alta hierarquia da Igreja Católica, representada pelo arcebispo de Lima, Juan Luis Cipriani, membro da Opus Dei e próximo do governo, optou-se pelo silêncio.

A ordem de expulsão contra o sacerdote ocorre em um momento em que se reaviva a tensão entre os grupos nativos e o governo, depois que o Executivo vetou uma lei do Congresso para implementar a consulta aos povos indígenas antes de aprovar operações de exploração de recursos naturais em seus territórios.

Esse procedimento de consulta é exigido pelo Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o qual o Peru integra, mas o governo se nega a cumpri-lo. A tensão aberta entre o governo e os indígenas amazônicos começou em 2008, quando o Congresso aprovou um pacote legal que facilitava a entrega das terras indígenas às transnacionais. No dia 5 de junho de 2009, um protesto de indígenas que durou mais de dois meses contra essa decisão terminou em um violento enfrentamento com a polícia, que deixou 34 mortos.

O governo acusou os congressistas do opositor Partido Nacionalista, organizações ambientalistas e membros da Igreja Católica que trabalham na Amazônia, entre eles o sacerdote McAuley, de promover o protesto indígena e a violência. O líder dos índios amazônicos, Alberto Pizango, teve que pedir asilo político na Nicarágua, depois que o governo o responsabilizou pelas mortes. Há pouco mais de um mês, Pizango voltou ao Peru e, embora não tenha sido preso, teve que enfrentar um julgamento, junto com outros dirigentes indígenas, por rebelião e outras acusações.

Nos últimos dias, Paul McAuley disse duras palavras contra a petroleira argentina Pluspetrol por causa do derramamento de 400 barris de petróleo no rio Marañón, afluente do Amazonas.

 

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