COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

O Ato foi realizado no dia 29 de janeiro, em celebração a um ano do assassinato do trabalhador José Campos Braga, o Zé de Antero, assassinado em 4 de fevereiro de 2009. O objetivo da ação foi, também, denunciar a morosidade da Justiça no caso que, ainda, não teve a investigação concluída.


No último dia 29 de janeiro, em Casa Nova (BA), foi realizado um Ato Público em celebração a um ano do assassinato do trabalhador rural José Campos Braga, conhecido como Zé de Antero. O objetivo do Ato era denunciar a morosidade da justiça no caso que, após um ano, ainda não teve a investigação concluída.

Zé de Antero era um dos moradores da comunidade de Fundo de Pasto de Areia Grande que, desde a década de 80, luta contra a grilagem de terras e contra o agronegócio, em defesa da permanência das 366 famílias na área. Seu corpo foi encontrado no dia 4 de fevereiro de 2009, em uma região de caatinga próxima à comunidade.

O Ato teve início com uma celebração na Igreja Matriz de Casa Nova, onde, cerca de 600 pessoas, lembraram as lutas do vaqueiro, agricultor, apicultor e animador de rodas de São Gonçalo. Segundo Joaquim Ferreira da Rocha, conhecido como Quinquim, Zé era um grande conhecedor de toda a história da comunidade. “Quem contar uma história daquelas terras diferente da versão contada por Zé, está mentindo”, afirmou.

Zacarias Ferreira, representante da União das Associações de Fundos de Pasto de Casa Nova (UNASFP), foi enfático ao afirmar que a comunidade da Areia Grande continuará organizada defendendo seu território. “A morte do Zé não nos enfraqueceu, pelo contrário nos motiva a continuar lutando. Porque é isso que os grandes querem: que fiquemos esmorecidos. Mas, continuaremos resistindo, porque a luta não pára enquanto a justiça não triunfar”.

Após a celebração na Igreja, os/as manifestantes saíram em caminhada pelas ruas da cidade, com faixas que traziam dizeres, como “punição aos culpados pela morte de Zé”, “justiça em Casa Nova”. Foram realizadas paradas em frente ao Fórum, ao Ministério Público e à Delegacia Local.

Durante as paradas, representantes das entidades que apóiam a luta da Areia Grande denunciavam a morosidade da justiça no fato e cobravam das autoridades a rápida investigação e punição dos culpados. De acordo com David Lima, o laudo médico é fraudulento, afinal “todo mundo que morre tem uma causa, se o laudo afirma que a causa mortis é indeterminada ele é mentiroso e os médicos devem ser responsabilizados por isso”.

Em frente à seção local do Ministério Público, Valério Rocha, presidente da Associação de Fundo de Pasto dos Pequenos Produtores do Sítio da Melancia, lembrou que até hoje o MP não se posicionou a respeito do fato. “O Ministério Público não pode se omitir. É preciso que esteja ao lado da verdade, e a verdade neste caso está do lado dos trabalhadores”.

Na última parada, em frente à delegacia policial, Valério lembrou que a Ouvidoria Agrária Nacional, órgão ligado ao INCRA, disponibilizou um carro à Delegacia de Casa Nova, em março de 2009, exclusivamente para a investigação do fato, mas que até o momento nada avançou. Já Zacarias afirmou que os/as trabalhadores/as lutarão para que Zé de Antero não seja mais um nas estatísticas da impunidade de crimes cometidos contra camponeses/as.

Para as comunidades de Fundos de Pasto, a morte de Zé representa uma resposta dos grileiros à vitória dos/as trabalhadores/as, no final de 2008, quando a Procuradoria Geral do Estado (PGE) emitiu uma Ação de Desapropriação, anulando os títulos de terra e suspendendo as ações que tramitavam sobre o caso na comarca de Casa Nova, com o objetivo de arrecadar as terras públicas e regularizá-las.

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