COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Agricultores e lideranças do Acampamento São Cristóvão, situado na Gleba Garça, nas proximidades de Porto Velho (RO), denunciaram na Comissão Nacional de Conflitos Agrários, as morte suspeitas em poucas semanas, de dois membros do acampamento e um terceiro deles atingido por arma de fogo, que se encontra internado no Hospital João Paulo II, em Porto Velho. 

 

(CPT Rondônia)

As declarações aconteceram na Audiência Pública acontecida ontem pela manhã, dia 22 de julho, no Incra de Rondônia, presidida pelo desembargador Gercino José da Silva Filho. Segundo os acampados, as três vítimas dos fatos são membros do mesmo acampamento e sofreram os atentados com poucos dias de diferença.

Eles suspeitam que as mortes dos dois primeiros e o atentado sofrido por um segundo sejam obra do mesmo grupo de pessoas, com objetivo de aterrorizar as famílias acampadas. Os dois mortos foram jogados no Rio das Garças. 

Segundo informações do portal G1, no dia 09 último, nas proximidades do balneário Rio das Garças, a polícia encontrou o corpo de um homem de 27 anos, com várias perfurações de faca. Segundo familiares da vítima, Rodrigo Pereira de Freitas estava trabalhando em um sítio próximo a uma chácara, na Linha 22, quando os amigos sentiram a falta do rapaz e iniciaram as buscas. A polícia está à procura dos suspeitos do crime.

O corpo da segunda vítima foi achado por um pescador na tarde da última quinta-feira, 17 de julho, boiando às margens do Rio das Garças, na Linha 32 da BR-364, sentido Acre, de acordo com o boletim de ocorrências. O local fica distante cerca de 40 quilômetros da capital. Próximo ao corpo não havia documentos que pudessem identificar a vítima, ou qualquer outro objeto. O mesmo foi identificado posteriormente também como membro do acampamento.

Ainda segundo o relato na Ouvidoria Agrária, um terceiro integrante do acampamento está internado com feridas de bala no Hospital João Paulo II de Porto Velho. 

Local reivindicado para reforma agrária

Segundo os posseiros, no Acampamento São Cristóvão 150 famílias ocupam a área da Fazenda Alexandria há alguns anos. Diversas famílias seriam de desempregados das obras das Usinas do Madeira. A ocupação iniciou em janeiro de 2013.

Inicialmente os acampados tinham recebido informações de que a área ocupada era terra pública, porém posteriormente o INCRA declarou que os lotes pretendidos para reforma agrária tinham sido anexados muitos anos atrás a uma fazenda que possui título definitivo da área. Atualmente o local é propriedade do ex-delegado e conhecido pecuarista João do Vale, estando a fazenda penhorada pela Justiça do Trabalho. 

Os agricultores exigem que o INCRA atue com mais interesse no local, de forma a assentar as famílias que lá estão e negociar com a União para que a área em penhora seja destinada a reforma agrária. Além disso, eles exigem a suspensão do leilão que poderia acontecer por mandato da Justiça do Trabalho em breve. 

Ameaças a lideranças

Diversas famílias do local já sofreram reintegrações de posse em áreas próximas. Em Julho de 2011 depois de reunião tensa no INCRA, uma liderança de posseiros acampados no Rio das Garças, o presidente da associação dos pequenos agricultores, Natalino Alexandro dos Santos e a família dele foram ameaçados para sair do local.

Natalino é o presidente da Associação de Produtores Rurais Porto Velho Progresso, da Linha 27 da Gleba Rio das Garças, município de Porto Velho, numa área da união disputada com diversos grileiros de terras, e já denunciou mais ameaças sofridas no início do mês de junho último.

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